Por Jeff Farah
O Bitcoin superou o valor de mercado de toda a bolsa de valores brasileira, o que mostra como nosso mercado de capitais é pequeno. Com isso, resolvi explicar o conceito de MOEDA. Você sabe o que é moeda?
Do mesmo autor: Análise das despesas e custos do Flamengo em 2020
MOEDA pode ser definida como qualquer meio de pagamento que seja aceito como tal. Assim, um bem pode ser considerado moeda se for aceito como forma de pagamento por uma determinada população (no sentido estatístico). Abaixo, alguns produtos que já foram usados como moeda na história.
Assim, o ouro, o sal, milho e até conchas já foram usados como moedas. Cigarros são moedas numa prisão ou na guerra.
Para ser considerado como moeda, é preciso exercer 3 funções:
1. Meio de pagamento – essa é a função básica de uma moeda, ou seja, ser um intermediário entre trocas;
2. Unidade de conta – a moeda se torna um padrão para que bens e serviços tenham seus valores expressos. Logo, a moeda se torna uma medida de valor e permite comparações entre coisas distintas, tais como salário, patrimônio, mercadorias, dívida, entre outras, pois cada uma terá seu valor expresso;
3. Reserva de valor – a moeda não é perecível, portanto pode ser guardada, não precisando ser utilizada de imediato. Permite a separação temporal entre o ato de vender algum bem ou serviço (receber moeda) e o de recomprar outro bem/serviço (entrega de moeda).
Entendido o conceito, a questão é quanto vale uma moeda?
Bem, uma moeda não tem valor intrínseco (por si só). Hoje, sequer tem lastro. Logo, uma moeda vale o quanto se acredita que ela vale. Ou seja, seu valor é fiduciário, baseado na confiança sobre seu poder de compra.
Até a década de 1930, as moedas tinham lastro. Era a época do padrão-ouro. A reserva em ouro que um país detinha determinava o total de moeda em circulação (base monetária) e consequentemente o valor dessa moeda. Isso terminou! Hoje, a base monetária de um país não possui lastro.
Quando uma moeda começa a perder a confiança, ou seja, seu valor fiduciário, as funções são afetadas da 3 para a 1:
3. reserva de valor;
2. unidade de conta;
1. meio de pagamento.
Logo, o primeiro sintoma de problema numa moeda é sua perecibilidade. Ela começa a ser passada adiante mais rapidamente.
O que aconteceria com o valor da moeda se todos pudessem imprimir seu próprio dinheiro? Como qualquer um teria quanto dinheiro quisesse, a unidade de conta ficaria prejudicada. Sem referência de valor da própria moeda, não haveria como se precificar bens e serviços.
Nesse contexto, entram as moedas digitais – criptomoeda -, onde a bitcoin é a mais conhecida. Como sua emissão independe de governos e costuma sofrer uma alta volatilidade (variação) na sua cotação, essas moedas ainda não atingiram o status de unidade de conta
Há quem aposte que as moedas do futuro serão digitais. Logo, os bancos centrais não podem ficar fora desse assunto. Por esse motivo o Banco Central do Brasil montou grupo de estudo em agosto de 2020 para tratar do tema.
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