Estreia do Flamengo versão 2024 é de dinâmicas inéditas com Tite
O Flamengo finalmente entrou em 2024! Apesar de ter atuado por outras duas vezes com seus titulares, contra o Orlando, pela primeira vez Tite pôde juntar na escalação Arrascaeta e De La Cruz desde o início do jogo.
Apesar de se tratar de uma partida amistosa, este jogo do Flamengo tinha um caráter diferente daquele realizada em Manaus ainda no início da preparação, quando foi à campo o time de 2023.
Assim como o clima de “Maracanã” proporcionado pelos rubro-negros da Flórida no último sábado antagonizou com a partida diante do Philadelphia Union, na semana anterior. Em campo, Tite sacou Luiz Araújo e manteve a estrutura inicial de 4-1-4-1. As dinâmicas, porém, foram completamente diferentes!
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Varela, que atuou como “lateral construtor” nas partidas anteriores, passou a ter mais obrigações ofensivas, uma vez que seu compatriota da camisa 18 centralizava para aproximar-se dos meias Arrascaeta e Gerson, deixando o corredor aberto para ele.
Apesar da regra predominante ser a representada nas figuras 1 e 2, é verdade que havia certo revezamento, o que trouxe mais qualidade para a saída de bola rubro-negra, que tinha em De La Cruz um desafogo semelhante ao que representava Everton Ribeiro em outros tempos.
Era comum ver durante a saída de bola Varela avançando por dentro para DLC buscar a bola com Fabrício Bruno. Veja as figuras 3 e 4.
A dinâmica gerou uma aproximação maior entre os meias que puderam trocar passes mais curtos e atrair marcadores, dada a dificuldade que é roubar bolas de Gerson, DLC e Arrascaeta, mas além disso, trouxe uma novidade: Arrascaeta se tornou quase um atacante!
E foi essa a tônica do gol que inaugurou o marcador para o time do Flamengo! Veja na figura 6 como a aproximação dos meias, que contaram com a luxuosa contribuição de Pedro realizando seu “pivô” gera uma concentração de adversários no lado oposto a Varela, que compreende o que deveria fazer para receber livre e ataca o espaço vazio.
E o benefício ofensivo desta aproximação não se resumiu a isso, pois o lançamento realizado por DLC para Varela, além de enganar os marcadores, os fez perder tempo de deslocamento dada a necessidade de um giro completo para ajustar a corrida para o centro da área, deixando generoso espaço muito bem atacado por Pedro, que aproveitou um cruzamento consciente do tão criticado Guillermo Varela.
Estádio lotado de rubro-negros, craque novo em campo iniciando a jogada do gol e meias atuando próximos como quase impõe uma ala da torcida do Flamengo: Tudo indicava para um sábado de “Rumo à Tóquio” …
Mas nem tudo são flores, e nenhum sistema é perfeito, muito menos um praticamente inédito em jogos e treinos, como este.
A sequência da primeira etapa foi didática para ilustrar o quanto necessita de entrosamento, uma formação que requer maior refinamento tático e técnico, em um futebol essencialmente de força, como o famigerado “Futebol Moderno”.
Ao chegar em sua intermediária ofensiva, os avanços pelo meio e às vezes até pelo lado esquerdo de De La Cruz, geraram uma assimetria entre os corredores, deixando o lado direito sem uma dobra, como ilustrado nas figuras 8 e 9.
Em resumo, quando o Flamengo centralizava o jogo com seus meias, era facilmente contra-atacado pelo seu lado direito, deixando seu camisa 2 extremamente exposto defensivamente, assim como obrigando Pulgar a se movimentar mais do que o que costuma fazer e até obrigando de Gerson, uma cobertura do lado oposto ao que ele atua.
E todas as vezes que o Orlando City contra-atacou por ali, houve um verdadeiro “ai Jesus” na defesa rubro-negra, que não conseguia nem acompanhar as progressões de seu adversário, nem tampouco proteger a frente de sua área, uma vez que Pulgar tentava realizar coberturas mais longas do que as que costuma realizar, chegando sempre atrasado e ficando totalmente fora de combate, como mostra a figura 11.
E assim ocorreram as principais jogadas de perigo do Orlando City, que fez seu gol em outro lance de enredo parecido, porém, com o acréscimo de falhas individuais naturais a este estágio de temporada.
Em resumo, uma partida que concede à comissão técnica a oportunidade de compreender o que precisa ser trabalhado e notar os inúmeros benefícios ofensivos que a “problemática” formação também causou. Além disso, pode compreender o termômetro da torcida flamenguista, que na internet proporcionou algumas reações bélicas demais para um início de trabalho.
Os principais alvos foram Gerson, eleito como melhor em campo pelos organizadores do evento, que parece ter seu futebol pouco compreendido por parte da torcida que não notou que ele seguramente foi o jogador que mais distância percorreu no jogo.
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E Varela, que atuou absolutamente exposto conforme abordado neste texto, e parece não receber nenhum crédito pela bela assistência realizada, mas todo o demérito do mundo por um gol sofrido que teve culpados maiores.
Apesar do contexto descrito acima, o prognóstico é positivo pois não se pode perder de vista que a preparação física é mais intensa em inícios de temporada, o que compromete a performance destes primeiros jogos.
Mas é melhor que Tite simplifique para ter e trazer paz aos seus comandados. Simplificar as dinâmicas de Nicolás de la Cruz pode ser um caminho, ou mesmo concentrar as jogadas de aproximação pelo lado direito do campo.
Flamengo, para treinadores, sempre será assim: simplificar para conquistar. Conquistar grupo. Conquistar torcida. Conquistar tempo… Para conseguir conquistar títulos, confiança e paz!