Wallim brinca com frase de Landim e sugere 'estádio Coca-Cola'

O ex-vice-presidente de Finanças da gestão Landim Wallim Vasconcellos brincou com a polêmica frase do presidente do Flamengo comparando o torcedor do Flamengo a quem bebe Coca-Cola durante um debate com opositores organizado por Mauro Cezar. Wallim sugeriu que o Flamengo ofereça à empresa de bebidas a possibilidade de dar nome ao estádio próprio que planeja construir.
“Fazendo do limão uma limonada, vamos botar a Coca-Cola para ser o naming rights do estádio. Acho que seria legal, já pensou? Aí os torcedores iam beber Coca-Cola no estádio do Flamengo com o naming rights Coca-Cola Arena”, afirmou.
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A frase de Wallim veio após duras críticas dos ex-candidatos opositores Walter Monteiro e Ricardo Hinrichsen à fala de Landim em entrevista a Mauro Cezar. Landim fez a comparação ao falar da diferença entre os sócios do Flamengo e a torcida do clube.
“Quando você tem uma instituição, uma empresa, o mais importante que ela tem é o cliente. O que e mais importante para a Coca-Cola? Os clientes que tomam Coca-Cola, são viciados em Coca-Cola. E para sobreviver ela precisa encantar seu cliente. Para mim o torcedor do Flamengo é o que de mais importante o clube tem. [Mas] dono da empresa é aquele que tem poder de decisão. Eu poderia dizer que o Flamengo é do seus torcedores, mas seria uma retórica de político. A verdade é que o Flamengo é de seus sócios, que são os gestores do clube. Nem todo tomador de Coca-Cola decidirá o futuro da Coca-Cola. O Sócio Torcedor não faz investimento para isso, ele foi criado com outro objetivo, ter desconto em ingressos, prioridade na compra etc”, afirmou Landim explicando porque é contrário ao voto do sócio-torcedor.
Com passagem pela vice-presidência de Marketing do Flamengo, Ricardo Hinrichsen disse que é importante sim que o torcedor seja tratado como cliente, mas não apenas isso.
“Claro que todo torcedor precisa ser tratado como cliente também. Só que ele não é só consumidor. A gente não pode sair de um extremo para o outro, do torcedor sendo tratado como gado para ser tratado apenas como consumidor. Eu preciso satisfazer o torcedor como consumidor, mas satisfazê-lo também em termos da relação afetiva que ele tem com o clube. Se a gente não entender isso sempre vai ficar faltando um pedaço no que a gente entrega. A própria precificação dos ingressos no Maracanã mostra isso”, criticou.
Walter Monteiro foi mais enfático e disse que a frase de Landim mostra que ele não tem condições de presidir o Flamengo.
“Uma coisa o presidente tem obrigação de saber: torcer para o Flamengo é muito diferente de gostar de tomar uma Coca-Cola. A pessoa que preside o Flamengo e não tem a dimensão de compreender o que este clube representa para o seu torcedor, que é muito mais que uma garrafa de Coca-Cola, infelizmente não tem condições de estar à frente do Flamengo. Esta frase para mim é um divisor de águas. Torcer para o Flamengo não é a mesma coisa que gostar de tomar Coca-Cola”, afirmou.
Opositores defendem ampliação do quadro social do Flamengo
Embora não tenham defendido explicitamente o voto ao sócio-torcedor, os três participantes do debate rejeitaram a tese de Landim, em outra entrevista a Mauro, de que o voto deste sócio aumentaria a possibilidade de que se elegessem dirigentes populistas, que ameaçariam a saúde financeira do clube.
“Quanto mais gente, menos chance de você ter aventureiros. Quando você tem um grupo muito pequeno as pessoas se combinam ali para se perpetuar no poder. Tivemos muitos aventureiros ao longo da história do Flamengo que tiveram culpa de colocar o Flamengo naquela situação que a gente encontrou em 2012. O Flamengo precisa arejar, trazer novas ideias, novas contribuições, de pessoas que estão fora do clube, querem e nunca tiveram a oportunidade de estar dentro do clube de alguma maneira. Pessoas que não querem nada do Flamengo, só querem ajudar. A gente precisa trazer essas pessoas para dentro do clube”, disse Wallim.
Ricardo Hinrichsen disse que a ampliação do quadro eleitoral teria justamente o efeito contrário ao previsto por Landim.
“Eu acho inclusive uma proteção para o clube ter uma quantidade maior de sócios. Quanto mais diluído for o voto individual, quanto menos peso cada voto tiver, menor é a possibilidade a gente tem de trazer aventureiros, de ter experiências negativas. Tendem a diminuir práticas de clientelismo dentro do clube, troca de votos por cargo, claro que isso não deixa de existir, mas na hora que você dilui o colégio eleitoral você diminui o risco imposto por cada voto especificamente. Não faz nenhum sentido a gente dizer que não podemos abrir o quadro social do clube porque isso vai favorecer o populismo e a irresponsabilidade.”
Já Walter Monteiro afirmou que, se a visão de Landim de restringir a entrada de novos sócios existisse no passado, o próprio Landim, que era sócio honorário até 2012 e só então se tornou sócio proprietário do Flamengo, não seria hoje presidente.
“A visão do Landim do que é o Flamengo é um clube comandado pelos atuais sócios proprietários e jamais vai mudar essa quantidade, porque ele diz claramente que é contra a ampliação do quadro social, só quem tá lá dentro é que tem direito de mandar no Flamengo. O que é uma visão extremamente curiosa vindo dele porque se 15 anos atrás as pessoas que estavam lá pensassem como ele, ele não seria presidente, Wallim não estaria aqui, eu não estaria aqui, porque nós não éramos sócios. Nós nos associamos ao Flamengo, todos nós, eu, ele, Wallim e milhares de outras pessoas porque a gente sentia que a gente precisava oxigenar aquele quadro societário, trazer sangue novo, ideias novas. Infelizmente, o Landim depois que se tornou presidente do Flamengo se aliou a essa velha guarda das gestões anteriores, as pessoas que causaram a ruína do Flamengo”, afirmou.
Wallim e Walter defendem voto a distância como forma de aumentar participação
Walter, que em 2021 lutou na Justiça pelo voto a distância nas eleições do Flamengo, disse que continuará batalhando para que o clube adote a modalidade. Ele citou o exemplo das eleições do Internacional que aconteceram neste fim de semana, com cerca de 28 mil votos, 94% deles a distância.
“Este ano nós tivemos uma proposta rejeitada no Conselho Deliberativo do Flamengo para que nós tivéssemos voto a distância, e a argumentação da Comissão do Estatuto para não deixar… Não é que a gente tenha derrotado essa proposta no voto, essa proposta não pôde ser votada. O Conselho não teve o direito de votar na proposta de votação à distância porque se argumentou que o objetivo maior do Flamengo é promover reuniões sociais. E se nem para votar o sócio fosse obrigado a ir a Gávea, isso estaria em desacordo com o estatuto do Flamengo. Um argumento falacioso a esse nível impede que a gente possa ter o mecanismo de voto a distância no Flamengo. E com isso cada vez mais a gente vai estreitando a capacidade de transformar aquele clube”, disse.
Wallim afirmou que o voto a distância, junto com a queda do limite imposto esse ano à entrada de novos sócios off-Rio, serviria para trazer novos sócios ao Flamengo sem a necessidade de venda de novos títulos de sócio proprietário.
“Brincadeiras à parte, eu sou totalmente favorável a que a gente possa ter um quadro associativo maior. Hoje a gente tem essa possibilidade, mas eu vou explicar porque não acontece. Se o voto a distância for aprovado, e eu sou a favor do voto a distância, até para presidente do Brasil o cara que mora na Austrália vai lá e vota para presidente, não tem problema nenhum em relação a isso. Se você abre o voto a distância eu tenho certeza que o quadro associativo do Flamengo vai aumentar. Torcedores vão se associar como contribuintes off-Rio para poder participar das eleições. E a gente tem que tirar essa barreira de mil também”, afirmou.
Walter Monteiro prometeu seguir lutando pelo voto a distância na Justiça se necessário. E aproveitou para alfinetar Landim pelas constantes referências ao Bayern de Munique, em quem se diz espelhar para a criação de uma SAF.
“Posso garantir que em 2024 a gente vai continuar lutando para ter voto a distância. Seja no Judiciário, seja onde for. E a gente tem convicção de que um dia o Flamengo saberá acolher a sua Nação Rubro-Negra por todo o Brasil e poderá ter a oportunidade de ampliar substancialmente o seu quadro social para ser, já que o Landim se espelha tanto no Bayern de Munique, para ser um Bayern de Munique, que tem 300 mil sócios, enquanto o Flamengo tem 6 mil”, concluiu.
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