Tempos diferentes simbolizam variedade de intenções de Tite para a temporada
Após estreia apoteótica diante do Audax em Manaus onde praticamente repetiu o time de 2023 suas intenções táticas, Tite finalmente deixa claro, na vitória sobre o Philadelphia Union, as mudanças que deseja no Flamengo versão 2024!
O clima de amistoso, e a “carta branca” para escalar dois times, fez Tite mesclar a equipe em cada tempo. E o treinador aproveitou para preservar dinâmicas e estabelecer novas em cada tempo.
O primeiro tempo marcou o amadurecimento da dinâmica ofensiva existente no lado esquerdo do ataque do Flamengo, onde Gerson e Cebolinha parecem se entender melhor a cada dia.
Tal entendimento foi temperado pela grata surpresa dada pela boa atuação do garoto Carbone (zagueiro de origem), como lateral construtor.
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Diferente do que já havia ocorrido na gestão de Tite no Fla, o time passou a utilizar uma saída de três com os três zagueiros de origem, e, após cinco minutos de turbulência, o garoto Carbone começou a acionar Gerson e Cebolinha com passes precisos, como o que gerou o pênalti sofrido por Cebolinha aos onze minutos e posterior abertura de placar com a cobrança de Pedro.
Ainda pelo lado esquerdo, Gerson e Cebolinha pareciam se entender por música e, sem a “concorrência” por espaços que geralmente ocorre com Ayrton Lucas, tiveram sua dinâmica de ultrapassagens por fora e por dentro mais bem estabelecidas.
Era o camisa onze receber a bola na amplitude, que Gerson ultrapassava por dentro pronto para receber em profundidade naquele corredor, em sua melhor característica. E foi assim que o Flamengo abriu 2 a 0 aos 41 minutos da etapa inicial, após grande tabela da dupla.
A segunda etapa reservou o que há de pior em competições amistosas: substituição dos vinte jogadores de linha!!
Dinâmicas perdidas, como em um jogo reiniciado com padrão completamente diferente do inicial, reservaram uma única atração que era a estreia do uruguaio Nicolás de la Cruz.
E o novo astro rubro-negro foi aproveitado como um meia que inicia aberto, ao estilo Jadson no Corinthians 2015, ou Coutinho no primeiro ciclo de Copa do Mundo vivido por Tite.
Dos dois lados, os laterais nada construtores e de muita saúde foram as referências de profundidade, enquanto Bruno Henrique tentava ser o “ponta-fechado” e se aproximar de Gabriel para reeditar dinâmicas que marcaram os melhores momentos das carreiras de ambos.
E foi assim que o Flamengo alternou momentos de organização e trocas rápidas de passe com momentos de dificuldade defensiva. Em especial pelo lado direito, onde não parecia bem definido quem deveria auxiliar Wesley na recomposição.
Tudo normal ao contexto de um time que apenas inicia trabalhos de pré-temporada, que ainda receberá a maioria de seus reforços, como o já certo Matías Viña, lateral construtor dos sonhos de Tite. Assim como o zagueiro sonhado que assumirá a titularidade no lado direito da defesa, mantendo as boas dinâmicas com bola.
A cara do Flamengo de 2024 será a do primeiro tempo com dinâmicas de laterais construtores e pontas abertos? Ou a do quase 4-4-2 do segundo tempo, com a dupla BH e Gabigol e laterais de muita força e profundidade?
Apostaria que nenhuma. Ou as duas. Na verdade, imagino uma mescla de ideias que garantirá o lado esquerdo do time que iniciou a partida junto ao lado direito da equipe que a concluiu.
Bom para Cebolinha. Bom para De La Cruz. Bom para Gerson. Melhor para o Flamengo!