Pedro é executivo de uma grande empresa, a maior empresa do Brasil.
Pedro foi mapeado no mercado e contratado por um caminhão de dinheiro, pois trabalhava em uma grande empresa no exterior, mas não estava tão bem por lá. Aqui, na maior empresa do país, Pedro recebe em dia seu astronômico salário, recebe bônus e tem status. Pedro tem um chefe que sempre decide onde e quando o Pedro deve atuar. Até agora, deu muito certo, visto que Pedro é reconhecido por todo mercado, muito pela empresa que o proporcionou estar na vitrine.
Tudo estava dentro da normalidade, porém Pedro não estava indo tão bem em um determinado projeto. Então seu chefe, sabendo da importância que Pedro teria para projetos futuros, decide retirar Pedro daquela ação. Então vem o problema: Pedro se descontrola, pega a canel… cafeteira e joga para o lado. Pega os copos d’água e arremessa na parede. Pedro xinga a ermo, reclama, sob o olhar atônito do chefe. E pior: faz tudo isso no ambiente do projeto, com todos os investidores e o público assistindo.
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Pedro não é o primeiro a fazer isso. Gabriel, Bruno Henrique e outros executivos da empresa já demonstraram insatisfações antes, talvez não com tantas pirraças como Pedro. Mas o que mudou é que o chefe foi perguntado sobre o surto do Pedro e foi muito sincero na resposta: achou desrespeitoso com os sócios acionistas, com a empresa e com os colegas executivos. Achou o fato lamentável. E errou ao expor a sua opinião e sentimento de maneira pública, visto que deveria tratar diretamente com o seu comandado, internamente. Um erro provocado, podemos dizer assim.
Talvez a atitude do executivo Pedro esteja baseada no fato de que ele foi chamado para trabalhar em outra instituição, por um mês, enquanto a grande empresa que ele tem vínculo de trabalho continua pagando o seu salário sem poder contar com ele. E não é na época de férias coletiva ou de recesso, é na época de projetos importantes para a empresa e para o executivo. Ele deve ter ficado chateado. Justifica a atitude? Para muitos sim.
Pois o maior erro, o erro que provocou toda essa confusão, o erro do executivo que, mesmo muito bem pago, com todas as regalias que só essa grande empresa pode lhe proporcionar, mesmo com o reconhecimento do mercado, foi pirracento, mimado e pouco profissional, o grande erro foi aplaudido pela maioria dos que assistiram a cena. Isso mesmo: acharam a atitude do executivo normal, compreensível. Errado está o chefe. Errado está quem paga, errado está quem comanda. Um escárnio.
Não exijam um futebol profissional se vocês não estão preparados para isso. Enquanto a postura não for profissional, vinda de todas as partes envolvidas no processo, não reclamem de decisões amadoras, vindas de dirigentes amadores. Mas vão falar: é diferente, é futebol.
Então não se assustem com tomadas de decisão baseadas em achismos, em sangue quente e em interesses próprios, que abrem mão do profissionalismo e abrem portas para o amadorismo. Amadorismo esse tão amigo do jeitinho, das armações ilimitadas, da bagunça ética, financeira e administrativa que assola o nosso futebol.
O futebol é apaixonante, é diferente. Mas o que cobramos precisa ter coerência. Se nós que queremos um futebol cada vez mais ético, organizado, transparente e bem administrado, não enxergamos o lado certo em um cenário tão escancarado, que comecemos agora uma autoanálise sobre o que queremos e como queremos.