O Campeonato Estadual de Futebol do Rio de Janeiro é uma dessas proposições difíceis de defender, de cara limpa, na frente de um grupo de adultos.
Um torneio absolutamente deficitário, sem premiação em dinheiro, organizado por uma instituição menos confiável que uma banca de celular usados na Rua Uruguaiana, onde os quatro grandes times do torneio só escalam seus principais jogadores quando o regulamento os obriga, sob pena de multa.
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Mas se o Campeonato Carioca é um conceito um bocado desanimador, existe sempre, é claro, uma coisa ainda mais desanimadora do que ele: as primeiras rodadas do Campeonato Carioca.
Sim, esse estranho limbo técnico, em que os principais times do torneio ainda estão em pré-temporada, os clubes pequenos estão alucinados pra pontuar, e você vive uma espécie de liga de crianças contra idosos, em que se enfrentam tanto revelações de 16 anos com multa rescisória definida em milhões de euros quanto jogadores que passaram três temporadas no Itaperuna, duas no futebol do Vietnã, não podem jogar no Espírito Santo porque tem um lance com a polícia contra eles correndo por lá.
Foi nesse pique que o Flamengo fez a sua estreia pelo Cariocão, com um time composto basicamente por promessas da base, mais a presença dos “veteranos” Pablo e Carlinhos, com a obrigação de mostrar serviço para garantir uma vaga no time de Filipe Luís no resto da temporada.
E é possível afirmar que, com exceção do goleiro Dyogo Alves, que fez algumas boas defesas e ajudou a impedir uma situação ainda mais chata, ninguém conseguiu causar lá uma ótima impressão na derrota um tanto quanto lamentável desde domingo diante do Boavista.
Lorran, em quem se deposita muita esperança, teve bons quinze minutos e uma bela jogada no segundo tempo, mas ficou por aí e os garotos do time, como um todo, pareciam visivelmente afobados e desentrosados, com bastante disposição, mas pouca eficiência.
Já com os profissionais o cenário foi um pouquinho pior. Se Carlinhos passou a maior parte do tempo isolado, se mostrou incapaz de fazer uma tabela se não for no Excel, mas ao menos teve oportunismo para fazer o gol de empate, a atuação de Pablo não pode ser descrita como nada menos do que lamentável.
Com a combatividade de uma batata e a mobilidade de um transatlântico ancorado num campo de brita, o zagueiro não apenas teve responsabilidade direta no primeiro gol como passava a sensação de ser não um pai ou um tio, mas sim um avô que estava completando a pelada dos netos em troca de um conserto de roteador ou de companhia pra uma consulta médica.
Então ainda que seja uma derrota sem muita importância num torneio que não vale muita coisa, a partida do fim de semana não deixa de servir de alerta. Alerta pra que os nossos garotos aproveitem melhor a oportunidade que essas partidas significam e pra que a nossa diretoria entenda que é preciso estar atenta ao que falta no nosso elenco profissional, já que talvez Carlinhos e Pablo não tenha mesmo qualidade pra fazer parte dele.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
Próximo do Flamengo, Juninho não é relacionado para amistoso do Qarabag #BoletimMB #Flamengo pic.twitter.com/AppxRixtrF
— Mundo Rubro Negro - Notícias do Flamengo (@MRN_CRF) January 9, 2025