Nossa marra irreverente voltou

19/07/2021, 16:53
Renato Gaúcho flamengo

Há jogadores e treinadores que ficam marcados na história por conquistas, e também pela irreverência, frases de efeito… O primeiro que me vem à memória nesses quesitos é Zagallo. Seu espírito competitivo e dedicado lhe empenhou muitos títulos, mas o “vocês vão ter que me engolir” foi tão espontâneo e convicto, que entrou para a história do futebol. Isso sem falar das suas superstições.

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Renato Gaúcho talvez tenha sido o mais estereótipo desse conceito. Suas frases, façanhas e atitudes estão marcadas na história do futebol brasileiro. Inevitável que quando da volta de Renato ao Flamengo todos esperassem aquele seu velho estilo, mas ele se segurou. Na primeira entrevista, sério e compenetrado, nem parecia aquele que já chegava causando polêmica e alimentando a fábrica de notícias dos jornalistas.

Em seu primeiro jogo já conseguiu fazer algo que Ceni nunca havia admitido até então, que jogou mal, mas ressaltava a todo momento que o importante foi a vitória. E foi. Afinal, na Libertadores mais importante que jogar bem é a vitória. Todavia, diante de todo o cenário, os flamenguistas estavam com suas barbas de molho. Será que agora teremos que aguentar uma retranca? Será que não vamos mais ver aquele futebol que encantou o Brasil? Os analistas táticos se apressaram e já traçaram um novo cenário.

Renato Gaúcho
Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Contudo, Renato, em seu segundo jogo, retomou a confiança daquele jeitão que ele gosta de ser. Uma marra irreverente. O Flamengo amassou o Bahia. Fez 5 a 0. Não faltando nada do que o time esteve acostumado de fazer em 2019. A cobrança constante na beira do campo foi a tônica para o time manter aquela pegada do início ao fim de uma partida. E assim ressuscitou o amor próprio de todos os torcedores, sempre acostumados com o superlativo.

Há porém um detalhe que não pode ser ignorado. Gabigol comeu a bola e fez três gols. Só não saiu aplaudido até pela torcida adversária por conta das restrições pandêmicas. Coincidência ou não, é que Gabigol talvez seja o estereótipo moderno do que foi Renato. Marra, irreverência e muito futebol. Não se esconde. Está ali para decidir. E no final, Renato em seu melhor estilo, diz que Gabigol ainda não está preparado para ver seu DVD…

Não há como duvidar que Renato desafiará Gabigol cada vez mais. E Gabigol, que gosta de ser desafiado, vai quebrar mais recordes, e quem sabe flertar com a filha do comandante… É o que todos já aguardam… Renato poderia até parodiar Zagallo e mandar “Vocês vão ter que me engolir”, mas essa talvez fique para a próxima.


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Allan Titonelli
Autor

Allan Titonelli é rubro-negro, amante do futebol, gosta de jogar uma pelada, assistir partidas, resenhas esportivas ou debater com os amigos sobre “o velho e violento esporte bretão”. Escreveu, ao lado de Daniel Giotti, o livro “19 81 – Ficou Marcado n...