João Luis Jr: Não basta destruir o time do Flamengo, é preciso morder a virilha do torcedor

20/09/2023, 16:06
Marcos Braz sorri em frente ao escudo do Flamengo no Ninho do Urubu

Todo mundo que acompanha futebol sabe que ele não costuma ser exatamente um reduto da lógica e da sensatez. Com uma grande frequência, 22 jogadores entram em campo, mas o bom senso não é nem relacionado. Em quase toda partida ocorrem diversos momentos em que a loucura veste a camisa 10 e várias vezes a insanidade decide o placar.

Ainda assim, por mais que se compreenda o potencial delirante desse esporte, é preciso reconhecer. O Flamengo, tradicionalmente já um dos clubes mais malucos nessa grande demência que é o futebol brasileiro, vem realmente conseguindo se destacar.

Leia mais do autor: João Luis Jr: Ninguém hoje odeia mais o Flamengo do que Rodolfo Landim

Não que o clube rubro-negro já não tenha um histórico, claro. São técnicos que ficaram sabendo da demissão num programa de TV, são jogadores que tiveram que praticamente chantagear o clube para entrar em campo e conquistar títulos, são contratações sem sentido e despedidas sem explicação, derrotas improváveis e vitórias inimagináveis. Basicamente tudo que pode acontecer de confuso, esquisito, bizarro e inexplicável muito provavelmente já aconteceu com o Flamengo.

E ainda assim, o ano de 2023 ainda vem conseguindo ser muito estranho, mesmo para os padrões rubro-negros.

Seja pelos resultados em campo, alguns dos mais vergonhosos em décadas mesmo tendo um dos times mais vitorioso e caros da nossa história, seja pelos desdobramentos fora dele, com decisões absurdas, um clima horrível e uma sequência de pessoas saindo na porrada que faz com que Flamengo hoje pareça menos um clube de futebol e mais um clube da luta.

A mais recente dessas altercações se deu nesta terça-feira quando, durante uma discussão com um torcedor dentro de um shopping no Rio de Janeiro, Marcos Braz, vice-presidente de futebol do clube, teria não apenas agredido como mordido a virilha de um torcedor, um tipo extremamente bizarro, incomum e inesperado de violência.

Confira também: Flamengo precisa vencer Goiás para voltar ao G4 antes da final da Copa do Brasil

Uma situação ainda bem nebulosa (não se sabe quem fez o que), em que ambas as partes parecem estar erradas (não se importuna um profissional na rua, da mesma maneira que não se pode sair mordendo a virilha da galera por aí), mas que é um bocado sintomática do nível de loucura, caos e absurdo que se tornou o Flamengo nesta temporada, sob a gestão de Braz e Landim.

E qual seria a reação de um clube organizado ou minimamente sensato diante da situação em que seu homem forte do futebol sai na mão com um torcedor em público? (e nem vamos entrar no fato de que Braz é também vereador e estava batendo perna no shopping em horário de votação na Câmara). Bem, o normal seria, obviamente, a demissão.

Mas o Flamengo nunca foi um clube sensato e cada vez deixa mais claro que também não é organizado. Então não apenas Marcos Braz foi mantido, como o presidente, que defende seu péssimo trabalho dentro do clube, apoia sua péssima postura fora dele. Afinal, mesmo nos momentos mais sombrios, amadores e bizarros da história flamenga, nenhum dirigente jamais se comportou como um pinscher humano em relação aos torcedores.

Porque foi a isso que Landim e Braz reduziram o Flamengo. De um clube que deveria estar no noticiário por vitórias e conquistas, viramos a equipe que movimenta a internet com brigas e agressões. Isso, aliás, quando não estamos nos destacando por derrotas e eliminações.  

E, por fim, se você topar com algum dirigente rubro-negro pela rua, lembre-se: eles não só trabalham mal, agora eles mordem também.


Partilha