João Luis Jr: Vitor Pereira era parte do problema, mas não era o problema todo
Se você sentou hoje para assistir o duelo entre Flamengo e Maringá, pela terceira fase da Copa do Brasil, você teve o desgosto de presenciar aquela que muito provavelmente vai ser lembrada como uma das partidas mais tristes da história rubro-negra.
E mesmo podendo usar humilhante, pois o Flamengo perdeu para um time da Série D. Ou lamentável, porque o Flamengo praticamente não criou oportunidades. Ou desesperadora, já que em dados momentos até pareceu que o Maringá, que venceu por 2×0, poderia fazer o terceiro gol. Acredito ainda que “triste” acaba sendo a melhor palavra. Para representar não apenas o resultado como também a atuação e até mesmo o estado em que a equipe rubro-negra se encontrava.
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Porque o que se viu nessa noite no estádio Willie Davies foi, muito provavelmente uma das atuações mais sem vida, energia, disposição, compromisso e esforço da história rubro-negra. Os combates, sem vontade. Os passes, displicentes. E o estado emocional geral do time transmitia a sensação de que, tal qual numa adaptação esportiva da novela “O Clone”, o rubro-negro vivia o pesadelo de ver escalado um time que colocava 11 Vitinhos em campo, todos devidamente dosados com chá de camomila.
Uma derrota lamentável que não apenas complica a situação do Flamengo na Copa do Brasil, já que precisará reverter um resultado de 2×0 no Maracanã. Mas que também nos lembra que, ainda que a demissão de Vítor Pereira seja sim um passo acertado e importante, os problemas da equipe rubro-negra vão muito além do treinador português e suas ideias equivocadas.
Primeiro porque a queda técnica da equipe é evidente. Gerson parece estar mirando seus passes em vultos que existem apenas na sua cabeça. Enquanto isso, David Luiz em diversas jogadas estava realizando marcação individual no espírito de um velho índio que habitava o noroeste do Paran[a séculos atrás. Everton Ribeiro ainda não estreou na temporada 2023. Gabigol não faz gols e não arma e até mesmo Pedro, que vinha deixando seus gols mesmo em partidas ruins, acertou mais chutes em tornozelos e joelhos do que entre as traves nesta partida.
E isso falando apenas dos jogadores em quem temos esperança. Afinal, nomes como Varela, o Pará com espanhol intermediário e Marinho, o jogador que só tem velocidade e chute mas não quer correr e prefere não chutar, apenas comprovaram que de onde menos se espera é que não vem nada mesmo.
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Somando a isso a total ausência de organização tática – Cebolinha, que não vem jogando tão bem pelas pontas, sendo colocado pelo meio, onde ele é pior ainda, é um conceito no mínimo ousado – e o que parece ser uma preparação física lamentável, em que cada atleta se move como se tivesse um antigo baú contendo todos os volumes da enciclopédia Barsa preso em suas pernas, e você tem um cenário que mostra que os problemas do Flamengo não vão automaticamente se resolver apenas porque Vítor Pereira foi embora.
Seja a chegada o quanto antes de Jesus, sejam mudanças na preparação física e treinamentos, a questão é que o Flamengo precisa urgente de rumo. Algum senso de propósito e até mesmo de uma dose extra de dedicação dos atletas. Que na derrota dessa quarta pareciam mostrar menos vontade de vencer do que Vítor Pereira demonstrava de garantir sua rescisão. A troca de técnico era sim necessária, mas está evidente que o Flamengo ainda precisa de bem mais do que isso.