João Luis Jr: Mais do que uma vitória, uma pausa pra respirar no meio do caos

17/04/2023, 10:37

Após uma semana de muita especulação, a diretoria do Flamengo abraçou o ateísmo, jogou fora a camisa do movimento “escolhi esperar Jesus” e decidiu se entregar a esse baixinho tatuado chamado Jorge Sampaoli. A mudança gerou aquela mistura de confusão e esperança que acontece após toda mudança de comando.

O argentino chega para montar um time ofensivo e que pressiona adversários, como já fez antes, bem como a torcida rubro-negra gosta de ver? Ou ele vem pra brigar com as lideranças do elenco, dizer pra diretoria “necessito dieciocho refuerzos” e sair assim que eles chegarem porque se envolveu numa trocação de socos com Braz no estacionamento? Só o futuro irá dizer.

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Mas o que podemos dizer é que após semanas de vergonha, humilhação e partidas que atentaram contra a integridade física e mental do torcedor rubro-negro, o Flamengo finalmente conseguiu uma vitória relativamente segura. Contra uma equipe um tanto quanto mais fraca, algo que em tese deveria ser normal para “o elenco mais caro do continente”. Mas atualmente vem se mostrando sim motivo para comemorações.

Fotos: Marcelo Cortes/Flamengo
A alegria que é ver Bruno Henrique de volta aos gramados

Não que tenha sido uma grande partida, claro. A saída de bola continua truncada e confusa. Os jogadores seguem errando passes como se estivessem tabelando com amigos imaginários. Além disso, as oportunidades seguem sendo criadas num volume bem menor do que se esperaria da equipe campeã da Libertadores e da Copa do Brasil.

Mas é visível que a energia da equipe mudou. Conceitos como “não tirar o pé na dividida”, “cobrir as movimentações adversárias” ou simplesmente “se mexer em campo para que sua família e seus colegas saibam que você ainda está vivo”, que parecem simples na teoria mas vinham sendo totalmente abandonados pela equipe rubro-negra, voltaram a ser aplicados, garantindo um placar de 3×0 que retrata até com certa fidelidade o quão superior o time foi durante toda a partida.

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O destaque, como vem acontecendo durante a maior parte dos jogos da temporada, foi mais uma vez Ayrton Lucas, o famigerado “Beijinho”. Em diversas partidas Ayrton foi uma ilha de sanidade vermelho e preta em campo. E ainda que também tenha errado passes e se confundido na armação, foi uma das lideranças técnicas da equipe e marcou um belíssimo gol em chute de fora da área.

Fotos: Flamengo/Marcelo Cortes
Foi de pênalti mas o sobrenome do Gabi voltou

Mas além dele, outros nomes que pareciam já desenganados pelos professores da escolinha do Zico também ofereceram suas contribuições, com Pedro e Gabigol voltando a marcar e Gérson fazendo uma partida que, se não foi ótima, ao menos representa uma grande evolução em termos de “jogar tão mal que te zoam na saída do estádio perguntando se tu acha que virou o De Bruyne brasileiro”. 

Somando isso às boas entradas de Léo Pereira e Matheus França e você tem um Flamengo que, ainda que prossiga muito, mas muito longe do ideal, começa a tentar subir até uma parte um pouco menos funda do poço onde se encontrava após a degradante derrota para o Maringá pela Copa do Brasil.

Se Sampaoli foi mesmo a melhor e será capaz de fazer o Flamengo brigar mesmo por algum título nessa temporada, ainda é impossível dizer, mas, como ficou óbvio na vitória tranquila de hoje, elenco para não ficar passando vergonha nós sempre tivemos, era só alguém saber usar e os jogadores fazerem um mínimo de esforço.


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