João Luis Jr: Imagina como seria lindo se o Flamengo jogasse a sério todos os jogos

29/06/2023, 09:40
Bruno Henrique e Victor Hugo marcaram para o Flamengo contra o Aucas na Libertadores

Como já se disse algumas vezes durante essa semana, o Flamengo parece ter se tornado, em 2023, uma equipe que escolhe quando quer jogar. Isso porque, ainda que não se saiba ao certo quais os critérios utilizados nessa decisão, uma coisa é visível. Existem certas partidas que o Flamengo aborda com intensidade e organização de quem quer ser campeão.

Já em outras, atua com a displicência de quem acredita que os verdadeiros troféus são os amigos que fazemos pelo caminho e o verdadeiro título estava dentro de nós o tempo todo. Não se sabe se é porque o grupo prefere certos torneios a outros. Ou se Filipe Luis atira uma moeda e se der cara eles jogam. Ou ainda se no dia que o Rodinei não atualiza o Instagram o time não entra de verdade em campo.

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Então é com muita alegria que venho informar que sim, nessa noite de quarta-feira o Flamengo jogou. Diante do frágil Aucas, que se defendia como um time de colégio e atacava como se fossem 11 pessoas comuns que ganharam um sorteio pra entrar em campo pela Libertadores, o Flamengo jogou, e muito.

Arrasca e Everton comandaram o meio de campo, Pedro deixou sua marca de artilheiro, Bruno Henrique voltou endiabrado pela ponta esquerda e só não fez mais gols porque ainda não atingiu aquele seu famoso “outro patamar” físico, mas parece estar chegando lá.

A defesa, salvo alguns lances aleatórios, se mostrou sólida, Wesley buscou o ataque na lateral, Filipe Luis esbanjou categoria e não apenas Leo Pereira deixou sua marca como Victor Hugo concluiu para as redes uma linda jogada, estilo 2019, estabelecendo já no começo do segundo tempo um 4×0 contundente que traduzia o domínio absoluto da equipe rubro-negra.

Fim de jogo, Flamengo?

Aí o Flamengo parou, obviamente. Com as substituições de Sampaoli e a transição da equipe do 433 para o 343, o que se viu foi novamente um Flamengo engessado. Aquele sem mobilidade, incapaz de criar chances e apostando em lançamentos para Fabrício Bruno, o zagueiro que acredita ser velocista como seu companheiro Pablo acredita na terra plana.

E ainda que se justifique plenamente que o time reduza o ritmo diante de um placar tão dilatado, é possível desconfiar. Há um planejamento para essa redução de ritmo – Sampaoli não defende intensidade contínua? Ou apenas, mais uma vez, esse Flamengo mais irregular que a situação de Neymar com a Receita Federal mostrando que ainda não se adaptou ao esquema com 3 zagueiros, principalmente quando a alteração acontece no meio da partida.

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Porque seja dentro das partidas no decorrer dos campeonatos, o Flamengo precisa, mais do que nunca, de estabilidade. É impossível ser campeão brasileiro se você joga bem num clássico, em seguida apanha como cachorro contra um time mediano. E depois vence de maneira sofrida um possível rebaixado. Assim como a trajetória do Flamengo na Libertadores e na Copa do Brasil seria bem mais fácil se não houvessem tantos altos e baixos.

Queremos constância (e o Flamengo precisa dela)

Por que o Flamengo não pode jogar, em todas as partidas, com a intensidade e organização que mostrou no jogo contra o Aucas? Ou mesmo, uma questão mais simples. Porque o Flamengo não consegue, durante os 90 minutos do jogo contra o Aucas, jogar como jogou nos primeiros 60 minutos contra o Aucas?

Afinal, mesmo sabendo que nem todos os adversários serão frágeis como o dessa quarta-feira, uma sensação é clara. Mesmo se jogar assim não for necessariamente garantir vitórias, ao menos reduziria a chance de viver novamente algumas das vergonhas que já vivemos este ano. Além de garantir que o Flamengo estivesse bem mais confortável na briga por um torneio de tiro longo como o Brasileirão.

Ou isso, ou alguém arruma pro Filipe Luis uma moeda que não tenha coroa, ajudaria também.


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