Governo Federal se posiciona sobre torcida única no Rio de Janeiro
As discussões sobre as medidas adotadas para a segurança pública em clássicos seguem a topo vapor após o confronto entre grupos organizados de Flamengo e Vasco, antes do último clássico entre a dupla. Isso porque a pancadaria que ocorreu em São Cristóvão, nos arredores da Quinta da Boa Vista, no último domingo (5), teve uma morte confirmada, além de sete feridos. Por isso, o governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro criminalizou as torcidas organizadas e as compreende como facções criminosas. Assim, elas voltaram a ser banidas dos estádios após conseguir a anistia.
Tudo caminha para a torcida única, como acontece em São Paulo. Mas o Secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, José Luís Ferrarezi, participou de um seminário de gestão esportiva na FGV. O posicionamento foi claro. Para José, a torcida única não é a saída, e além disso, mostrou descontentamento com Cláudio Castro pela forma como encarou a situação.
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“Eu desembarquei ontem (sexta, 10) no Rio já com um debate que envolve as torcidas, e eu lamento a forma de condução. Sinceramente, eu lamento. Não é com torcida única que nós vamos resolver essa situação no Brasil”, afirma.
Ferrarezi prossegue com o posicionamento e sugere ideias para os jogos do Mengão e seus rivais.
“Nós temos um posicionamento radicalmente contra essa situação de torcidas únicas. Quando o Estado faz isso, ele assume sua incompetência na gestão e na condução do debate. Creio que nós temos que federalizar esse tema, juntamente com estados, governo federal, dialogando com a CBF. Quando o Estado diz que precisa ter torcida única, ele diz que não tem condição de atender sua população”, opina.
Secretário defende torcidas organizadas
Ferrarezi diz ainda que o Estado parece querer caminhar para a torcida única propositalmente.
“Aqui no Rio de Janeiro, eu cheguei ontem e não dá pra ouvir que as torcidas têm que ser banidas, que têm que ser criminalizadas, como está se tentando. A impressão que dá é que o Rio de Janeiro quer fazer esse processo para chegar na torcida única. Isso é isentar o Estado, facilitar a vida do Estado”, diz.
O secretário saiu em defesa das torcidas organizadas, descriminalizando-as.
“Não é banindo torcidas ou criminalizando torcidas organizadas que vai resolver essa situação. Nós temos a opinião de que, quando você tem torcidas mistas, mais torcidas dentro do estádio – basta ver o que foi Palmeiras x Flamengo em Brasília na final (da Supercopa), com duas torcidas -, isso engrandece o evento, o entretenimento”, explica.
Assim como os integrantes dessas associações, Ferrarezi aponta para a punição direcionada ao infrator.
“É o CPF da pessoa. Precisa entender que gente boa e ruim tem em todo lugar, nas torcidas, na política, nas religiões, nas empresas. Aí é o CPF, não é a torcida”, conclui.