Gerrinson R. de Andrade | Twitter: @GerriRodrian
Se um sujeito morre engasgado em espinha de peixe,
se cai no fosso do elevador, se se rasga em ataque de tubarão,
a impressão meio que marca a identidade do morto, quase o seu último gesto.
Morrer de emoção com a cesta do hexacampeonato,
isso é morrer e perpetuar um gesto, é o estar-fazendo,
60 anos depois, Gilberto ainda está nesse morrer efusivo,
flamenguisticamente extasiado, rubro-negrando em todas as artérias do corpo.
Tem sujeito ainda engasgando com espinha mesmo depois de morto, na memória da viúva.
Os mortos estão a dizer, ressuscitados pelo que ainda parecem sofrer.
Gilberto Cardoso é mitologia rubro-negra.
E muito torcedor não se liga, quase morre do coração todo dia, de flamengolatria.
É o doce morrer no gol de Nunes, é o doce morrer no Tri, na corrida de Adílio.
É até o coração explodindo com as cabeçadas de Angelim ou Rondinelli.
O frágil corpo humano não suportando, a vida se esvai.
Isso, de morrer, não é exclusividade de ninguém.
Teve menina morrendo com aceno de Menudo, teve velho enfartando com medo de Saci.
Se morre assim por escola de samba, por oscilações na bolsa e por resultado de loteria.
Tem gente que morre de jeito fúnebre, com tragédia,
Tem gente que morre onde ninguém vê, desaparece de sempre.
Tem gente que morre de bobeira, por desperdício,
pegando rabeira, surfando no trem, fazendo bobagem com a vida.
Teve o menino albino do meu bairro de criança,
subiu em poste pra pegar pipa, levou volts, morreu de imediato.
Eternamente em minha memória não eterna, o menino albino ainda frita no choque.
Orra, é Mengo!
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Gerrinson R. de Andrade escreve no Blog Orra, é Mengo, da Plataforma MRN Blogs. A opinião do autor não reflete necessariamente a opinião do Mundo Rubro Negro.
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Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.