Gabigol pede liminar para Globoplay não exibir episódio final de série, mas Justiça nega
Mundo Bola Informação | Diogo Almeida — A empresa que representa Gabigol entrou na Justiça com um pedido de liminar tentando impedir a Globoplay de impedir o último episódio da série “Predestinado”, que narra a trajetória do atacante.
Segundo o pedido, “na manhã do dia 20 de março de 2021, o Requerente tomou conhecimento que a Requerida, sem qualquer comunicação prévia ou anuência, irá lançar no domingo, dia 21 de março de 2021, o 4º (quarto) episódio do documentário ‘Predestinado’, narrando os ‘detalhes’ da ‘ida do atleta Gabigol a um local que foi descrito como sendo um ‘cassino’ e, que devido a aglomeração de pessoas que se encontravam no local, em especial, pela vedação imposta pela Pandemia Mundial causada pelo Covid-19, o mesmo foi convidado a se retirar do recinto e prestar depoimento junto as autoridades competentes”.
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Na decisão do pedido, o juiz de plantão disse que não cabia a concessão da liminar, citando como provas matérias jornalísticas dos dias 15 de março e 18 de março que indicam que Gabigol e seus representantes poderiam ter tido conhecimento antes da intenção da Globoplay de incluir o caso no documentário.
Além disso, o magistrado cita a própria entrevista concedida por Gabigol ao “Fantástico” no próprio dia do ocorrido. “Ressalta-se que o próprio jogador do Flamengo, em entrevista concedida ao programa Fantástico, disse estar arrependido, deixando evidente que o fato ocorrido no dia 13 de março é público e notório”, argumenta o juiz.
Com a decisão, o episódio já está disponível na plataforma da Globoplay. Logo no início, são mostradas imagens da reportagem no Fantástico sobre a ida de Gabigol ao cassino e sua condução à delegacia pela polícia.
Os últimos minutos do documentário são dedicados ao caso, com opiniões dos comentaristas Grafite, Paulo César Vasconcelos e Petkovic sobre o episódio, apontando que Gabigol não fez jus ao exemplo que deve dar como ídolo. Na sequência, são exibidos trechos da entrevista de Gabigol a Eric Faria, no “Fantástico’, com o pedido de desculpas de Gabigol.
“Se você fosse fazer uma categoria de heróis mais próximos de Apolo ou de Dionísio, eu diria que o Gabigol seria um ídolo muito mais dionisíaco, ele vai ser sempre dionisíaco, é a personalidade dele. O maior ídolo da história do Flamengo é apolíneo, é o Zico, tudo no Zico é perfeito. Dentro de campo e fora de campo. O Gabigol é ídolo desta geração e está com o nome marcado na história. Agora, pra sempre ele vai ser um ídolo dionisíaco. Isso não é ruim nem bom. Maradona foi dionisíaco, Romário foi dionisíaco. Ele vai fazer parte desses ídolos que eu botaria na categoria ídolos dionisíacos”, analisa o sociólogo Ronaldo Helal no fim do trecho sobre o caso.
Relembre o caso
Na madrugada do último domingo, uma operação policial num cassino clandestino, realizada após denúncia do deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), flagrou cerca de 200 pessoas em uma aglomeração que violava as normas do estado de emergência no estado de São Paulo, no qual bares e restaurantes estão fechados e está vigente o toque de recolher. Além disso, cassinos são proibidos no Brasil.
Na mesma noite, em entrevista ao Fantástico, Gabigol alegou que não sabia que o local era um cassino clandestino e que tinha ido apenas jantar com os amigos. Ele também afirmou que não descumpriu nenhuma recomendação de combate à pandemia, afirmando que faz testes periódicos para garantir que não está com o vírus.
O Flamengo, por meio do vice-presidente geral Rodrigo Dunshee, alegou que o caso era referente à vida pessoal do atacante e não aplicou nenhuma punição ao atacante, que se apresentou normalmente com o resto do elenco na segunda-feira, apesar do risco de que tivesse se contagiado com o vírus e esse ainda pudesse estar indetectável nos exames.
Na quinta-feira, o Ministério Público de São Paulo denunciou Gabigol e outras 57 pessoas com base no artigo 268 do Código Penal, “Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa’. A Promotoria pediu que ele seja condenado a pagar 100 salários mínimos (R$ 110 mil) ao Fumcad (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente) como forma de punição.
Alegações dos advogados
No processo, a Gabigol Esportes Ltda, empresa que controla os direitos de imagem do atacante e da qual ele é um dos sócios, alega que a Globo violou o contrato assinado com o atacante ao decidir, sem consultá-lo, pela inclusão do episódio no cassino. O pedido cita uma cláusula contratual que garante que Gabigol será ouvido e terá participação ativa na concepção do documentário, definido no contrato como “uma homenagem (…) feita para emocionar os fãs, e servir como marco de seu sucesso e incontestável ingresso na história do futebol brasileiro”.
“Da leitura do instrumento pactuado entre as partes, não resta qualquer dúvida que a aceitação dos Autores acerca da elaboração do documentário está estritamente atrelada ao fato de que este foi apresentado e descrito pela Ré como uma homenagem ao atleta Gabriel Barbosa e como de exaltação à sua carreira, sendo certo que a pretensão da Ré se mostra totalmente contrária à tal premissa, configurando-se em exposição midiática de assunto estritamente relacionada à vida pessoal do atleta e extremamente delicado, que ainda está em discussão sob judice e cuja exposição de uma forma inadequada pode comprometer e/ou macular a sua imagem”, diz a peça assinada pela advogada Jeancarla Mateus Jacomin de Oliveira.
O pedido era para que, além de impedir a exibição do episódio, o juiz de plantão impusesse multa diária de R$ 2 milhões à Globoplay em caso de descumprimento. Com a negativa da liminar, não se sabe quais serão os próximos passos jurídicos de Gabigol no caso.
Atualizada às 11h02.