Flamengo x Volta Redonda com transmissão paga é a nossa revolução de coisa alguma

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Em um momento onde a maioria está sem dinheiro e está cheio de patrocinador procurando Live pra aparecer, cobrar pelo jogo é bola fora

Luiz Filipe Carneiro – Twitter: @luizfilipecm | Blog CRF & ETC

O Flamengo brigou por uma mudança na legislação, para ter mais liberdade na exploração dos próprios jogos.

Na primeira oportunidade que teve, mandou muito bem. Liberou o streaming de graça, pra quem mora no Brasil, e teve um pico de mais de dois milhões de espectadores simultâneos só na transmissão do YouTube. Conseguiu patrocínio, vendeu ingressos virtuais, recebeu doação de superchat… Entrou muito dinheiro sem nenhuma obrigação aos torcedores.

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Claro que tinha uma demanda reprimida de meses sem ver o Flamengo. E também era uma grande novidade. Dificilmente as doações teriam o mesmo volume. Mas existem outras opções de monetização no streaming. Ainda mais quando é você quem controla a transmissão.

  • Liberar a transmissão pro time adversário com a exposição dos seus patrocinadores.
  • Pode comprar um horário em TV aberta (das mais baratas) e vender por conta própria os espaços publicitários.
  • Fazer promoções de oportunidade. Gol do Bruno Henrique? Mete um QR Code de um link vendendo a chuteira dele.
  • Com os sites de apostas você pode até citar situações específicas “O Arão tá bem! Gol dele tá pagando X. Vai lá no sitedeapostas.com.br que ainda dá tempo de apostar!”

Mais milhares de outra opções. Ainda mais num momento onde a maioria está sem dinheiro e tá cheio de patrocinador procurando Live pra aparecer.

A flexibilidade que você ganha tendo o controle total da transmissão é um campo gigantesco pra ser explorado. E, no momento, seria ótimo aproveitar pra fazer mais testes nesse sentido. Mostra as vantagens de transmitir o próprio jogo, aumenta a chance da MP virar lei com mais clubes apoiando, e ainda amplia o leque de opções para entrar dinheiro no clube.


Mas preferiram fazer o mais fácil. Arranjaram um app pra transmitir os jogos e cobrar R$ 10 por partida.


Acho que o valor até está razoável. Se a gente pensar que o Pay-Per-View custa, no mínimo, R$ 80/mês, e é uma cobrança recorrente, R$ 10 não está caro. Compra avulsa sempre é mais caro que uma assinatura. Além disso, você paga R$ 80 num PPV que, em média, passa 4 jogos do seu time num mês (os jogos do Brasileirão). Daria R$ 20 por jogo. Muita gente não vê mais de 8 jogos por mês no PPV (R$ 10/jogo). Claro que jogo do Brasileirão é mais importante que semifinal de Taça Rio, mas ainda é o produto Jogo do Flamengo.

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Não dá pra comparar com o valor de R$ 10 que a Amazon Prime Video cobra, como vi muita gente comentando. Até porque a Netflix tem o mesmo serviço e cobra até 4 vezes mais. Se o Flamengo é o melhor time do país, dá pra dizer que é um conteúdo premium. E mesmo com os serviços de streaming por assinatura, ainda existe o aluguel digital de filmes. Um filme pode custar R$ 19,90, mais que um mês de Amazon, mas nem por isso é uma comparação simples de um pra um.


Pelo menos conseguiram colocar de maneira que o Sócio Torcedor não paga. Mas quando uma coisa é gratuita pra todo mundo e logo depois fica paga pra maioria, ao invés da percepção ser de vantagem pro sócio, vira uma desvantagem pra todo mundo que não é.


O futebol não é de graça. Mas você precisa de tempo para fazer mudanças. Era hora de aproveitar a animação da torcida e sair fazendo testes que pudessem avaliar as alternativas a simplesmente pagar pelo jogo, que é um formato já existente.

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Pro Campeonato Carioca do ano que vem, se a MP virar lei, tem tempo de comunicar bem que vai ser pago, se essa for a escolha. Arranjar uma boa estrutura de transmissão, ou achar uma opção melhor que esse app que todo mundo que já usou tá reclamando.


Como eu li no Twitter, se a ideia era vender os jogos através de um app, era melhor ter vendido logo por R$ 18mi pra Globo.

Se você quer fazer uma revolução, não pode optar logo de cara pelo mais óbvio.

Tem que subir a barra e mostrar as vantagens do modelo que está apostando.


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