A maior goleada do Flamengo, novo abandono e as camadas de um jogo épico
A vitória do Flamengo sobre o Vasco neste domingo (2) não foi apenas impressionante por causa do placar de 6×1 e por envolver uma rivalidade quase sempre colérica entre os dois times ao longo de mais de 102 anos de história do confronto.
Há uma série de fatores que tornam este jogo, válido pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro de 2024, um o maiores feitos da história do Flamengo e uma das piores humilhações sofridas pelo Vasco. Um desses aspectos, inclusive, tem a ver com a própria expectativa sobre o confronto de ambos os lados.
Depois de uma sequência estarrecedoramente ruim do time, que começa após a conquista do Estadual sobre o Nova Iguaçu e tem seu ápice mais assombroso na derrota para o Palestino, no Estádio Francisco Sánchez Rumoroso, o torcedor do Flamengo entrou justamente em desespero. A derrota no Chile trouxe aos corações e mentes os macabros pesadelos de 2023. E gritos de “Fora, Tite” já se ouviam em coro.
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Porém, contra todos os prognósticos pessimistas, as apresentações ruins aos poucos foram dando lugar a melhoras coletivas e individuais. Tudo parece ter começado contra o Corinthians, jogo marcado pela boa apresentação de Lorran, de 17 anos. A vitória por 2×0 naquela tarde solar parece ter iluminado as sombras que caíam sobre os ombros do time e da Comissão Técnica de Tite. Teve até protesto no Ninho.
Não podemos dizer que os piores momentos na temporada, como as derrotas para Bolívar e Botafogo, e as vitórias jogando muito mal sobre Atlético-GO, Amazonas e Palestino, foram superados. O time não é nada confiável desde que venceu a Libertadores de 2022.
Com a irregularidade como grande constância, pouco se esperava realmente dessa partida. Certamente, uma vitória com atuação de mediana para boa já estaria de bom tamanho.
Já o Vasco vinha de vitória no Campeonato Brasileiro, classificação inesperada na Copa do Brasil sobre o Fortaleza, que é um time melhor, e muito otimismo com a chegada de um treinador português de boina chamado Álvaro Pacheco, que fazia sua estreia à beira do gramado.
Mas é humanamente impossível para qualquer torcedor não se empolgar com alguns feitos obtidos no amasso do Mais Querido ao fim da tarde deste domingo de Maracanã lotado.
O Flamengo teve incríveis 73% de posse de bola contra o Vasco. Foram 30 chutes ao gol contra apenas dois do Vasco. A taxa xG, que mede os gols esperados explodiu com 4,07%. Léo Jardim evitou que a tragédia cruzmaltina aumentasse ao fazer 12 defesas! Escanteios? Foram 8 do Flamengo contra apenas um do Vasco.
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Adoraríamos registrar que o Flamengo fez mais gols do que faltas, mas há uma controvérsia. Para o SporTV foram 5, já o Sofascore assinala 6. De qualquer forma, não fizemos mais faltas do que gols. Quando você viu isso? A goleada foi realmente construída com mais arte do que luta: o Flamengo sequer tomou um cartão amarelo, ao passo que esquete vascaíno teve dois amarelos e uma expulsão.
Passando dos números do jogo para os dados do confronto temos ainda mais noção do tamanho histórico deste 6 a 1, cujo mando foi do Vasco. Foi a maior goleda aplicada pelo Flamengo no seu maior adversário.
Mas o Vasco ainda pode se agarrar naquele 7×0 do Carioca de 1931. Mas informamos ao eventual torcedor vascaíno que os melhores momentos dessa partida não se encontra no YouTube, ok?
O Flamengo não perde para o Vasco da Gama no Brasileirão desde 2015. Talvez a estadia na Série B tenha diminuído um pouco as chances deles nessa… De qualquer forma, foram 11 jogos, com 7 vitórias e 4 empates. Um aproveitamento estrondoso de mais de 75% alcançados com 26 gols marcados (média de 2.4/jogo) e apenas 10 sofridos.
Por fim, o segundo abandono da torcida do Vasco em menos de um ano. O memorável 4 a 0 de 2023 foi devidamente atualizado. Pelo navegar dessa nau à deriva, o próximo naufrágio do herói do português será ainda pior.
Muito ainda poderia ser dito sobre este jogo. Como o estúpido debate entre o mágico Arrascaeta e apenas bom Payet. E muitas outras camadas deste jogo serão descascadas pela crônica esportiva ao longo dos próximos anos.
