A verdadeira Taça Guanabara invicta é o amor que encontramos pelo caminho
Sendo Tite um homem que preza pela consistência, nesses últimos meses todos os jogos do Flamengo tem descrições mais ou menos parecidas. Muita força defensiva – com Tite no comando não sofremos gol nesse Carioca.
Extrema organização tática – até jogadores mentalmente ausentes, como Varela, sabem onde precisam estar. E gols nascidos da soma de pressão intensa com erros do adversário – o Flamengo de Tite joga para errar o mínimo possível e forçar o erro adversário em todas as oportunidades.
➕ Uma vitória titista, que teve consistência, mas também seu toque de arte
E em linhas gerais, na vitória deste sábado sobre o Madureira, que nos garantiu o título quase figurativo e alegórico da Taça Guanabara, uma premiação tão simbólica quanto aquele chocolate “Prestígio” que o RH dá pros funcionários no lugar de incentivos financeiros ou benefícios reais, foi isso que aconteceu.
O Flamengo foi absolutamente dominante na partida, sufocando um Madureira que praticamente não conseguiu criar perigo. Nossos gols saíram de lances bem construídos, desses que parecem treinados à exaustão por Tite, mas também de jogadas de pressão na saída adversária, que levaram o já não tão qualificado time do Madureira a se complicar e oferecer a Pedro um dos gols mais comicamente esquisitos de sua carreira.
Tivemos Arrascaeta sobrando no meio de campo, com auxílio luxuoso de um brilhante de la Cruz, assim como Bruno Henrique parando no ar pela ponta e Vina mostrando que talvez tenhamos sim voltado a ter um lateral capaz de realmente pensar o jogo, já que Ayrton Lucas é um homem de vigor e velocidade, Wesley acredita ser na verdade o personagem Sonic e Varela é um jogador cujo teto é “não comprometer”.
E claro, tivemos Léo Pereira. O homem, o zagueiro, a lenda, o Karolino. O atleta que encontrou no amor o caminho não apenas para atuações defensivas de nível cada vez mais alto, como também para participações ofensivas cada vez mais impressionantes. E, que após anos em que só se aproximava da bola nas cobranças de falta para dar medo na torcida ou errar miseravelmente, foi lá e fez. Sim, Léo Pereira, o zagueiro, realizou, neste sábado, um belíssimo gol de falta, provando que tão importante quanto chegar no treino uma hora mais cedo pra ficar treinando chute, é sair da cama uma hora mais tarde pra treinar dormir de conchinha.
Dessa maneira o Flamengo conquistou seu primeiro – ainda que simbólico – título da Era Tite. Com um futebol que não enche os olhos mas domina partidas, com uma defesa que é extremamente segura e se tornou a menos vazada do campeonato, com um ataque que ainda precisa melhorar na pontaria mas mesmo assim sobrou em relação aos concorrentes.
Não é uma taça pra tatuar no braço, não é uma vitória que vai ser lembrada e relembrada, mas é sim uma conquista que deixa duas lições. Uma é que o trabalho de Tite tem potencial para evoluir numa direção que seja sinônimo de grandes conquistas. E a outra é que realmente, quando tu acha a pessoa certa, quando tu encontra o amor verdadeiro, coisas que pareciam impossíveis acabam acontecendo. Ninguém que viu esse gol de falta do Léo Pereira em pleno Maracanã pode negar isso.