Se antes Tite era criticado por um melhor desempenho ofensivo do Flamengo, em um nível que seria utópico para aquele momento da preparação, agora o comandante já é aclamado por ter o melhor sistema defensivo em anos no clube da Gávea.
Diante do badalado Fluminense de Fernando Diniz, famoso por seu jogo com bola, o Flamengo concedeu apenas quatro finalizações e as duas únicas que alcançaram o alvo de Rossi vieram de bolas paradas!
Se antes o senso comum dizia que para vencer o Fluminense, o adversário deveria marcar individual alto de forma muito agressiva, Tite se manteve firme e confiante na preparação de defesa por zona que trouxe ao Fla. E isto passa longe de ser uma estratégia simples. Veja a organização defensiva do Flamengo na “figura 1”.
➕ O segredo impopular da boa defesa do Flamengo de Tite
Figura 1: Fla se organiza em um 4-1-3-2 defensivamente, preocupado em fechar linhas de passe e guardar compactação
O Flu tentou o de sempre. Aglomerou jogadores nos corredores e tentou manipular os defensores do Fla, que não caíram na isca tricolor e se mantinham posicionados. O resultado foi um Fluminense que praticamente não ocupou o corredor central. E, no futebol, só é possível marcar pontos por ali.
Distantes da baliza, o time de Diniz apostava tudo nas bolas paradas, e por ali marcou seu gol impedido, corretamente anulado e obviamente fora do scout da partida.
Veja nas figuras 2 e 3, como o Flu concentrava seu jogo pelos corredores e não era combatido por ali. A ideia era proteger a baliza e evitar finalizações frontais.
Figura 2: Mapa de ações com bola do Fluminense no primeiro tempo. Veja como a área adversária está limpa, enquanto os corredores laterais mais densos
Figura 3: Fluminense cria superioridade numérica pelo corredor, mas Flamengo fecha linhas de passe e não sofre
Apesar de trocar metade dos passes de seu rival e ter somente 35% da posse de bola, o Flamengo foi superior no número de ataques, e mais ainda na sua efetividade!
O Rubro-Negro esteve organizado para atacar em 23 oportunidades, 3 a mais que seu rival e finalizou em DEZ dessas 23 oportunidades, contra uma do Rival. Uma efetividade de 43%, contra 5%, como podem ver no gráfico abaixo:
O que não saiu nos gráficos, mas ficará guardado na memória do torcedor, são os belos gols que construíram a vitória. E as imagens acima provam que eles não foram acidentais. Eles demonstram uma capacidade de associação única, que é capaz de produzir mais ataques em metade do tempo com bola de seu adversário.
Este é o Flamengo de Tite (ainda em Fevereiro)!
Equilibrado, competitivo, promissor… Amedrontador.