Filipe Luís abre o jogo sobre Domènec, Ceni, Jesus e aposentadoria em entrevista
Filipe Luís comentou sobre a sua passagem pelo Flamengo em entrevista ao jornal O Globo
Um dos principais nomes da campeoníssima temporada de 2019 do Flamengo, o lateral-esquerdo Filipe Luís abriu o jogo em entrevista ao jornal O Globo, nesta sexta, 15. Refletindo sobre a sua carreira e já projetando o que fará após a aposentadoria, o jogador também falou sobre o trabalho dos técnicos Domènec e Rogério Ceni. E fez revelações sobre Jorge Jesus
Sincero na respostas aos jornalistas Carlos Eduardo Mansur e Marcello Neves, Filipe falou sobre quase tudo que viveu no Flamengo nos últimos dois anos. O atleta chegou em julho de 2019, no início do trabalho de Jesus. E relembrou a passagem do português pelo Rubro-Negro:
“Jesus é muito completo. (…) Talvez tenha sido o mais meticuloso, detalhista, completo que eu tive. Era tudo treinado. Os movimentos pelo lado, com um terceiro homem (junto a lateral e meia) atacando o espaço… Eram uma exigência. O jogador gosta da bola no pé, tocar, fazer tabela. Ele quer o cara no espaço.”, revelou aos jornalistas.
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Com a ideia fixa de ser treinador, Filipe afirmou que faz leituras de jogo ainda nas preleções dos treinadores. De acordo com ele, Jorge Jesus tomava algumas decisões com as quais não concordava, mas que eram funcionais para a equipe:
“Jorge Jesus tomava decisões táticas com as quais eu não concordava. Mas não é que ele estivesse certo e eu, errado: não tem isso no futebol. Existe o que funciona. Mas a minha função como jogador era fazer o que ele pedia. Quando acabava o jogo, e costumava dar certo, eu ia conversar com os analistas e perguntava por que foi feito assim, se não era melhor fazer da forma que eu imaginava”, afirmou à publicação.
Segundo o lateral, a partida contra o Santos em 2019 no Maracanã, vencida por 1 a 0 pelo Rubro-Negro, foi a mais difícil. O jogador revelou que Jesus mudou a estratégia para vencer a forte equipe de Sampaoli:
“Eles tiveram a bola, dominaram, mas ganhamos de 1 a 0. Eu não concordei, porque, na preleção, ele (Jesus) falou: ‘Hoje, nós não vamos jogar, vamos lançar bola longa no Bruno Henrique e jogar a partir daí’. A gente estava voando. Por que não confiar na gente? Mas fizemos tudo o que ele pediu. A bola vinha, e lançava no Bruno Henrique. Um jogo mais direto, vertical”, explicou.
Sobre Domènec Torrent, técnico demitido em novembro pelo Rubro-Negro, o lateral refutou a ideia que o catalão não estivesse à altura do clube. Contudo, destacou as dificuldades em substituir Jesus após tantos títulos:
“Ele fala muito do Messi, tem muito vivo o Guardiola dentro dele. Falar que deu errado, que não sabe nada… Não! O Dome sabe muito de bola. Ele veio na hora errada, não tenho dúvida. Qualquer um que viesse depois do Jesus seria na hora errada, mas tem muitas coisas boas.”, explicou.
Entretanto, o jogador destacou que Dome enfrentou um problema: a falta de uma equipe com as características que gosta de jogar. Segundo ele, o técnico não conseguiu passar as ideias com atletas diferentes das suas:
“A única coisa de que senti falta era de definir um sistema de que ele gostava e dizer para nós: vamos jogar assim, do jeito que eu quero. Ele gostava de jogar num 3-4-3 ou 4-3-3 e não tinha pontas no estilo Douglas Costa, Coman… Então, talvez ele não tenha podido fazer o sistema que queria pela característica dos jogadores. Mas se tivesse feito assim, falado que a gente ia jogar no 4-3-3 e ele iria ensinar para a gente o sistema, talvez tivesse dado certo. Mas ele tinha uma saída de jogo excelente, estudo e pressão no adversário excelentes, ele é muito bom. Mas veio na hora errada. Pegou lesões, Covid… Mas aprendi muito com ele”, revelou.
Atualmente treinado por Rogério Ceni, o jogador de 35 anos explicou que Rogério Ceni tem estilo diferente. Porém, seu potencial pode levá-lo à Seleção Brasileira:
“Mais do que paizão, é um amigão da gente. O Rogério é o que mais parecido joga com o Jesus. O 4-4-2, com algumas ideias diferentes. Sob esse aspecto do cara que vive o futebol 24 horas por dia, Rogério é igual ao Simeone. Ele está começando, tem quatro ou cinco anos, mas já está mais cascudo do que quando estava no São Paulo: entende mais o jogo, soluciona problemas. Na Libertadores, fomos eliminados, mas com um a menos empatamos o jogo pelas trocas dele. Com o passar dos anos, ele tem potencial para chegar à seleção.”, disse o lateral.
Filipe Luís falou também sobre o cotidiano com os treinadores que passaram pelo Flamengo desde a sua chegada. Entretanto, segundo ele, todos têm estilos diferentes no trato diário e abertura para discussões de ideias: “Com o Jorge (Jesus), ele não dava muita abertura. O Dome explicava muito, o Rogério dá bastante informação.”, afirmou.
Revelando qual técnico mais gostou de trabalhar, não ficou em cima do muro e afirmou que foi Jorge Jesus:
“O último que me agradou de ver foi o Flamengo de Jorge Jesus. O Flamengo é o time que mais se assemelha àquele Bayern campeão da Champions.”, declarou.
Filipe Luís tem 35 anos e seu contrato com o Flamengo vai até dia 31 de dezembro de 2021. Por enquanto, não há conversas para uma possível renovação.
Jornalista e Historiador, é apaixonado por futebol bem jogado. Já atuou na Rádio Roquette Pinto e como colunista no Goal.com. Siga no Twitter: @EuBrguedes