O técnico Tite testou meio-campo titular do Flamengo com a presença de De La Cruz no primeiro tempo de empate com Orlando City. Pedido da torcida, a escalação resultou em bons momentos ofensivos, mas também expôs deficiências defensivas. Ao comentar o jogo, o analista de desempenho Victor Nicolau, do canal Falso Nove, destrinchou as fragilidades da formação e opinou sobre próximos ajustes.
De La Cruz começou o jogo atuando pelo direito, mas teve muita liberdade para se movimentar e buscar associações. Movimentação que gerou gol de Pedro após jogada coletiva, mas atrapalhou na marcação. Segundo Victor, o uruguaio demonstrou não estar completamente adaptado ao estilo de marcação de Tite e precisou percorrer longas distâncias para se posicionar, o que gerou erros e sobrecarregou os volantes.
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“O Flamengo continuou com marcação mais zonal e teve problemas com a leitura do cara menos entrosado com o grupo, que é o De La Cruz. A leitura dele nas jogadas gerou problemas que sobrecarregaram principalmente o Pulgar. (…) O De La Cruz saltava pressão atrasado, algo comum em início de temporada, que pega muita parte física. Quando ele fazia esse movimento fora do tempo, que já é uma movimentação mais difícil em marcações por zona, o Orlando saia jogando com muita facilidade. “
O problema foi ainda maior quando o Flamengo perdeu a bola no ataque. Afinal, De La Cruz agrupava com os jogadores no lado esquerdo do campo, e Varela ficou sozinho para defender todo o corredor direito. Assim, o Orlando City conseguiu contra-ataques pelo setor e desorganizou o sistema defensivo do Fla.
“Aí está o grande problema dessa formação: o Varela não tem dobra no setor dele. Quando o time perde a bola ele fica completamente exposto. O Pulgar precisa saltar a pressão para tentar diminuir o prejuízo, mas salta atrasado e o sobrecarregado é Gerson. E a frente da área fica desprotegida, uma coisa bastante comum na partida.
Por fim, o analista elogiou a formação e apontou possível solução defensiva. Victor Nicolau entende que o time pode agrupar pelo lado de De La Cruz, o que limitaria a movimentação e manteria estrutura, e utilizar as inversões para o lado esquerdo para aproveitar a individualidade de Everton Cebolinha.
“O Flamengo tem um ponta do lado esquerdo que tem bom um contra um, que é o Cebolinha. No lado direito está o Varela, um lateral que fica exposto ao subir e não tem a qualidade do Cebolinha. Então, é um contrassenso concentrar todo mundo do lado esquerdo e inverter para o direito, que foi basicamente o que o Flamengo fez. Seria muito melhor concentrar no lado direito e inverter para o esquerdo, já que tem dobra com ponta, lateral e volante. “
Tite destaca processo de evolução de meio-campo do Flamengo
Após a partida, Tite também fez sua análise sobre a atuação do quarteto de meio-campistas. O técnico rubro-negro ressaltou a importância do processo de evolução da equipe e a necessidade de entrosamento para que os atletas de “muita qualidade” rendam o esperado jogando juntos.
“O campo vai falar. O que tenho como ideia é que jogadores como De la Cruz, Arrascaeta, Gerson e Pulgar têm muita qualidade criativa, mas não vai ser assim já. Em um processo de entrosamento não é só colocar os jogadores que a coisa vai fluir. É um processo de ensaio de dificuldade, de movimentação. Vou dar um exemplo, nesse quarteto de meio-campo que há a busca de superioridade de qualidade numérica, nós fizemos um gol que o De la Cruz sofreu a falta forte. Tem que ter calma com esse entrosamento, porque qualidade eles têm.”
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.