Diretor do doc sobre a tragédia do Ninho revela que fontes temiam represálias do Flamengo

02/04/2024, 15:48

O incêndio no alojamento das divisões de base que matou dez jovens em 8 de fevereiro de 2019 está para sempre na história do Flamengo. Nos cinco anos que se passaram desde a tragédia, ninguém foi ao menos julgado pelos crimes cometidos. Na questão cível, o clube barganhou de forma vergonhosa por cada centavo em todos os acordos com as famílias dos jovens mortos.

O documentário “Ninho – Futebol e Tragédia”, lançado no início de março na plataforma de streaming Netflix, relembra os bastidores do que ocorreu naquele dia trágico de fevereiro de 2019, mas principalmente nos cinco anos posteriores. O diretor Pedro Asbeg conversou no podcast Fé na Mulambada sobre as dificuldades de produção nos três anos em que tocou o projeto. E fez uma revelação supreendente.

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Pedro Asbeg revelou que teve muita dificuldade para conseguir falar com fontes sobre a tragédia do Ninho. E o motivo das muitas negativas foi medo de represálias comerciais e financeiras por parte do clube. Asbeg disse: “A gente viu um medo do que poderia representar qualquer tipo de participação no documentário. Advogado, delegado, jornalista. Muita gente se negou a falar.”

Flamengo não agiu diretamente para barrar documentário

Ainda no podcast, Pedro Asbeg negou que houve ação direta do Flamengo para barrar o documentário. O diretor disse: “Não houve tentativa de bloqueio do documentário pelo Flamengo. Pelo menos não chegou nada a mim.” Por outro lado, Asbeg contou um episódio sobre como o poderio do Flamengo influenciou na ação das fontes.

Pedro Asbeg falou que a equipe de produção teve dificuldade de conseguir imagens de arquivo sobre o assunto: “O cara chegou para gente e disse que não queria que o Flamengo visse que ele vendeu imagens para esse documentário. Pois tinha relação comercial com o clube.”

Pedro Asbeg continuou: “Ele disse para a gente que o assunto é proibido dentro do Flamengo, então não queria participar. Não queria que aparecesse o nome da empresa dele nos créditos. Então, tem um poder ali em cima, que está sobrevoando, que é assustador. Pois não está escrito, mas existe.”

O incêndio causado por curto-circuito no sistema de ar-condicionado vitimou Athila Paixão, Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Gedson Santos, Pablo Henrique Matos, Christian Esmério, Jorge Eduardo Santos, Samuel Thomas, Vitor Isaías e Rykelmo de Souza.


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