Como jogava o Fortaleza de Rogério Ceni, agora novo treinador do Flamengo
Rogério Ceni montou um Fortaleza muito organizado e concentrado, capaz de competir com equipes de maior poderio financeiro
O Flamengo se movimentou de forma rápida no mercado para preencher a vaga deixada no cargo de treinador após a demissão de Domènec Torrent. Em menos de 24 horas, Rogério Ceni já chegou ao Rio de Janeiro para assinar um contrato com o rubro-negro, sendo anunciado na manhã do dia de 10 outubro. Com a chegada do novo comandante, é hora de conhecer a fundo o seu trabalho no Fortaleza.
Campeão da Série B de 2018, da Copa do Nordeste de 2019 e do Campeonato Cearense em 2019 e 2020, Rogério Ceni montou um time bastante organizado e com pontos positivos em vários setores. De forma geral, analisa-se um time que rodou bastante nas mãos de um treinador que não é adepto de uma escalação fixa. No Flamengo, muitos se irritaram com os rodízios de Dome, mas é preciso ressaltar que tal prática é comum e necessária para evitar um desgaste ainda maior no apertado calendário brasileiro.
O Fortaleza jogava normalmente em 4-2-3-1 quando atacando, podendo virar um 4-1-4-1 após a aproximação de um volante, e com um 4-4-2 quando defendendo em bloco médio e baixo, podendo virar um 4-2-4 na marcação em bloco alto.
Defesa
A formação de um 4-4-2 na imagem é vista em bloco baixo, com o 4-2-4 sendo formado no bloco alto. Osvaldo e David avançam para pressionar a saída de bola do adversário, com este último trocando de posição frequentemente com Romarinho. Na imagem é visto como Osvaldo pressiona a saída de bola pela esquerda e David pela direita, forçando o chutão do goleiro Maílson, do Sport.
Com o chutão de Maílson, o Fortaleza faz um processo comum na equipe. Um jogador sobe e vence o duelo aéreo na maioria das vezes, nesse caso sendo o zagueiro Paulão, que tenta começar a criação de um ataque para a equipe, mas acaba perdendo a bola para o Sport.
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O time do Fortaleza apresenta características muito ofensivas, e a exposição do setor defensivo é comum. Com sete jogadores atacando, sendo eles o centroavante, os pontas, o meia-atacante e um volante, é totalmente necessário ser eficaz na pressão pós-perda, algo que o time de Ceni falhava muito em fazer. Com isso, contra-ataques eram comuns, mas a capacidade de interceptação e desarme dos volantes Juninho e Felipe eram colocadas em jogo, além do aumento de nível apresentado pela dupla de zaga, composta por Quintero e Paulão. Os dados mostram a qualidade do setor defensivo, com o time tendo a melhor defesa do Campeonato Brasileiro de 2020.
Com a marcação em bloco baixo, o Fortaleza marca por encaixes setorizados, também forçando o ataque dos adversários pelos lados do campo, zonas limitadas onde o time pode fechar melhor os espaços e as opções de passe, podendo recuperar a bola com maior facilidade.
Transição e ataque
Para começar a entender como o Fortaleza ataca, é preciso explicar a saída de bola da equipe. Um losango é formado com o goleiro, Felipe Alves, os dois zagueiros, e um volante, podendo ser Felipe ou Juninho. Os quatro jogadores efetuam uma troca de passes sem muita intensidade e avançando em seu próprio lado do campo para empurrar o adversário para o outro lado do gramado, dando tempo também para os jogadores do time cearense encontrarem bons posicionamentos em campo.
Com o losango formado, é visto como Felipe Alves corre riscos jogando com os pés em uma região bem afastada da área. Apesar do perigo, ter um jogador a mais para jogar na construção da jogada é totalmente importante para um time que busca ter muito ter uma grande superioridade numérica nas zonas de ataque. Com isso, o Fortaleza ganha a liberdade de liberar um volante para atacar, podendo ser Felipe ou Juninho, com o outro voltando para formar o diamante da saída de bola.
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Atacando, o jogo é visto muito pelos lados, com os laterais gerando amplitude e mostrando como a posição era importante para o Fortaleza. Pela esquerda, Bruno Melo e Carlinhos poderiam ocupar a posição. Bruno auxiliava na construção e ainda poderia defender, enquanto Carlinhos tinha a sua velocidade explorada. No lado direito, Tinga e Gabriel Dias tinham um poderio grande de passe e capacidade ofensiva, com Tinga sendo muito importante para a formação de passes progressivos, e Gabriel sendo importante para efetuar interceptações (0.9 por jogo) e desarmes (0.7 por jogo).
Já que os laterais geram amplitude, Osvaldo e Romarinho acabam jogando por dentro, com este último trocando de posição com David em diversas ocasiões. Na imagem, por exemplo, a bola se encontra na lateral direita, e os dois pontas se aproximam do centro para preencher espaços.
Um outro movimento curioso é o da imagem abaixo, que mostra Carlinhos fazendo o movimento de jogar por dentro. Na jogada, quem gera amplitude é Osvaldo. Na jogada, o lateral esquerdo do Fortaleza busca o passe para o ponta, mas a jogada termina com uma interceptação de Patric, do Sport. Percebe-se também como Romarinho acaba jogando por dentro na mesma jogada, com Tinga, o lateral direito do time, gerando amplitude em seu setor.
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Visão geral e expectativas
Rogério é um treinador muito bem qualificado. No Fortaleza, como é visto na análise, montou um time muito organizado e capaz de competir com equipes de maior poderio financeiro, além de conquistar taças, é claro. Agora, Ceni tem em suas mãos o elenco mais caro das Américas, campeão da Libertadores e do Brasileirão.
Sem uma pré-temporada, o novo comandante do Flamengo terá que correr para se organizar a tempo de conseguir a classificação da Copa do Brasil e na Libertadores, além de levantar o rubro-negro no Campeonato Brasileiro. Rogério Ceni precisa de respaldo da diretoria, que deve de qualquer jeito afastar qualquer forma de imediatismo, visto que já está em seu terceiro treinador no ano de 2020.
*Créditos da imagem destacada no post e nas redes sociais: Divulgação