Clemer lembra briga contra Peñarol e revela desabafo de capitão uruguaio
Aos 55 anos, o ex-goleiro Clemer, hoje, é fazendeiro, mas já defendeu a meta rubro-negra e ainda salvou jovens de briga no Uruguai. O arqueiro representou durante confusão em jogo contra o Peñarol, próximo adversário do Flamengo na Libertadores, pelo jogo de volta das quartas de final. Ao ge, o ex-atleta relembrou o confronto, que teve briga no jogo de volta.
Os uruguaios já se sentiam eliminados após a derrota por 3 a 0 no Maracanã. Por isso, receberam o Flamengo para brigar na partida de volta, e a confusão foi premeditada. Sem conseguir equilibrar na bola, a tentativa foi de vitória na briga. Mas Clemer foi essencial para que isso não acontecesse.
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“Essa foi a nossa surpresa (a presença de muitos uruguaios ao redor do campo). Acho que teve uma preliminar, e o pessoal dos juniores deles ficou no jogo. Parece que estava tudo armado para ter a confusão. Tinha muita gente que não era para estar no jogo e que entrou no meio. Os seguranças tinham que nos proteger, os policiais não faziam nada. Você viu que foi uma coisa bem armada para nós. A provocação ao Athirson no fim do jogo foi uma preparação para que tudo acontecesse”, explica Clemer.
Antes de ser campeão da Mercosul em 1999, o time precisou passar pela confusão com os uruguaios na semifinal, e Clemer foi um dos últimos a deixar o campo, trocando socos, sozinho, com cerca de quatro a sete uruguaios. O ex-goleiro segurou a bronca e a trocação com os estrangeiros permitiu que os outros jogadores do Flamengo deixassem o campo com mais velocidade.
Clemer diz que Flamengo já esperava postura do Peñarol
Ao relembrar o confronto, Clemer conta que os jogadores do Flamengo já esperavam que os uruguaios fossem para brigar, e a sensação era de vaga encaminhada. Por isso, restavam os punhos aos estrangeiros, já que nos pés, sabiam que seria difícil uma remontada.
“Na realidade foi um jogo atípico porque a gente sabia que com a vitória no Maracanã, e foi uma vitória bem fácil pelo adversário que era o Peñarol, um time que sempre engrossava, a vaga estava encaminhada. Mas o nosso time estava voando. Quando nós levamos essa vantagem para lá, já sabíamos que o clima seria ruim. Até por todo o histórico que os times uruguaios têm quando jogam em desvantagem lá, principalmente quando jogam contra times brasileiros”, conta.
Confusão começou por irritação com futebol de Athirson
Clemer relembra ainda o início da confusão, que se deu com Athirson.
“Quando começou o jogo, a gente via a superioridade do Flamengo. A confusão, na verdade, começou mesmo foi com o Athirson. Ele estava numa fase que fazia de tudo, estava voando. Quando nós abrimos a vantagem de 2 a 1, o cara começou a falar que ia bater nele. Ele falava: ‘Bate, que eu vou pegar a bola para cima de ti’. Dava caneta e fazia aquela onda toda”, lembra.
O jogador adversário, então, cumpriu o que prometeu.
“Quando acabou o jogo, e me lembro que o Athirson usava aquele aparelho de ferro no dente… E o Flamengo estava atacando para o gol do túnel onde a gente entrava em campo. Parece que a coisa foi bem armada, a maioria tinha raspado a cabeça. A gente sentiu um clima de guerra, mas não sabia que ia acontecer isso tudo. E aí o cara deu um soco na boca do Athirson, e começou toda aquela confusão. A gente vinha lá de trás correndo, quando vi aquele tumulto todo, era o Peñarol avançando, e o Flamengo recuando”, relata.
Clemer, então, relembra o momento em que percebeu que já estava sozinho em campo.
“Os caras começaram a bater. Aí, sim, peixe. Cheguei trepando, dando pancada e tomando pancada. Resultado: quando levantei depois de me embolar com o cara, o Julio Cesar deu uma pancada no cara e saiu correndo. Quando eu levantei de novo, só amarelo e preto na minha frente. Falei: ‘Cadê meu time, papai? (risos)’. A galera tinha vazado, pai (risos)”, brinca.
Uruguaio pediu desculpas
Após a confusão, no vestiário, Clemer lembra que o capitão da equipe adversária chegou a se dirigir a ele para pedir desculpas pelo ocorrido, alegando não compactuar com as atitudes tomadas pelo Peñarol após a eliminação.
“Depois fui para o vestiário, para fazer o exame antidoping, e o capitão (Bengoechea), que fez o gol de falta e era o mais experiente deles, pediu desculpas pelo acontecido. Achei até que ia sair no pau com ele, mas não. Ele falou que não gosta daquele tipo de coisa. O uruguaio tem que melhorar muito a maneira do futebol. Ele falou bem legal e disse: “por isso que o futebol uruguaio não melhora porque leva muito para esse lado de querer brigar quando não ganha, e a parte técnica acaba esquecida”. E o time do Flamengo jogou muito melhor que o deles nos dois jogos. Eu queria dar uma bisca nele (risos), mas falei: “Está tudo bem. Já passou”, completa.