Vitor Pereira está em maus lençóis no Flamengo e luta pela sobrevivência. Mas as estatísticas mostram que os treinadores brasileiros foram muito superiores aos estrangeiros depois da saída de Jorge Jesus, em 2020. São três técnicos de dentro do país e outros três de fora. No entanto, o terceiro trabalho ainda está se desenvolvendo, já que o português tem apenas 11 jogos a frente do Mais Querido. Mas dependendo do desempenho no Estadual, VP pode não ter muito mais tempo.
Fato é que são 125 jogos de Rogério Ceni, Renato e Dorival Júnior somados, contra 67 de Dome, Paulo Sousa e Vitor Pereira. A diferença é gritante, já que o trio brasileiro soma 73 vitórias com um aproveitamento de 65,6%. Além disso, são 250 gols marcados, com média de 2 gols por partida.
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O catalão ao lado dos dois portugueses soma 40 vitórias e os mesmos 65,6% de aproveitamento. Mas os 126 gols marcados em 67 jogos significam média de 1,8 por partida. 12 empates e 15 derrotas aparecem acompanhados de 77 gols sofridos, ou seja, 1,1 por jogo. Enquanto isso, o trio brasileiro tem como números negativos 27 empates, 25 derrotas e 122 gols sofridos. Ou seja, média de 0,9 gols.
Outro fato que chama a atenção são as decisões. Além de um título brasileiro, torneio que não conta com uma final, foram cinco finais do trio brasileiro. Com um técnico conterrâneo, o Flamengo venceu quatro finais e perdeu apenas uma nos últimos anos. Os estrangeiros chegaram em quatro decisões e não venceram nenhuma. Ou seja, depois de Jorge Jesus, o Mais Querido não voltou a ser campeão com um treinador de fora do Brasil.
Outro dado que dá vitória aos brasileiros é que nenhum dos três perdeu um jogo para uma equipe sul-americana de fora do Brasil, ao contrário dos estrangeiros. Dome foi o técnico da goleada por 5 a 0 sofrida para o Independiente Del Valle, mesmo adversário que puniu Vitor Pereira na Recopa Sul-Americana.
Destrinchando os dados
Rogério Ceni
O primeiro técnico brasileiro pós-Jesus foi Rogério Ceni, que assumiu na segunda parte de 2020 após a demissão de Domenec Torrent. Com 59,3% de aproveitamento, o técnico campeão brasileiro daquela temporada conduziu o time em 45 partidas. Ele venceu 23, empatou 11 e perdeu outras 11. O ataque foi esmagador, alcançando 86 gols marcados, mas a defesa também teve problemas e sofreu 55 tentos.
O treinador contribuiu para a estatística positiva das decisões do Flamengo, vencendo as duas finais que disputou. Uma foi contra o Fluminense, no Cariocão 2021, além da Supercopa do Brasil contra o Palmeiras, sendo campeão nos pênaltis. Das 11 derrotas, cinco foram jogando em casa.
Renato Gaúcho
Se Ceni saiu do Flamengo com três taças, Renato não venceu nada. No entanto, os números não foram tão ruins. Com 72% de aproveitamento, dado superior ao de Rogério, Renato venceu 24 das 37 partidas a frente do Mengão. Além disso, foram oito empates e cinco derrotas, e o balanço em gols chama atenção: 87 marcados e 32 sofridos, números que denotam melhor ataque e melhor defesa de um técnico na era pós-Jesus.
Foram três derrotas em casa, mas a mais dolorida aconteceu em Montevidéu, no Uruguai. Na única final que Renato chegou com o Rubro-Negro, desperdiçou a chance de ser campeão da Libertadores pelo clube ao perder para o Palmeiras na prorrogação. Essa foi a única derrota de um treinador brasileiro em finais pelo Flamengo após o início da era vencedora de Jorge Jesus.
Dorival Júnior
Dorival Júnior venceu 26 dos 43 jogos que esteve a frente do Flamengo no período de 2022, mas também empatou oito e perdeu nove, tendo 67% de aproveitamento. Ao contrário dos estrangeiros, o técnico venceu duas decisões: Copa do Brasil e Libertadores em 2022. Mesmo assim, a diretoria entendeu que deveria trocar profissional por um português em 2023.
Com 77 gols marcados e 35 sofridos, foi mais um treinador com uma equipe equilibrada, marcando muito mais do que sofrendo. Foram apenas três derrotas dentro de casa, sendo para Fluminense, Corinthians e Avaí. Contra os paulistas, aconteceu com time alternativo após voltar do Equador com a taça da Libertadores. Contra a equipe sulista, foi em uma partida da última rodada do Brasileirão, que marcou as despedidas de Diego Ribas e Diego Alves.
Estrangeiros
Domènec Torrent
Dome foi o primeiro técnico do Flamengo após a saída de Jorge Jesus e não agradou a Nação. O catalão venceu 14 jogos, empatou quatro e perdeu seis em 24 oportunidades. Foram 42 gols marcados e 36 sofridos, e a falta de solidez defensiva e equilíbrio foi um dos principais problemas. Com 62,3% de aproveitamento,
O estrangeiro não alcançou nenhuma final e foi o profissional de fora com uma das derrotas para sul-americanos: Independiente Del Valle. Trata-se da histórica derrota por 5 a 0 no Equador, pela fase de grupos da Libertadores. Jogando em casa, teve duas derrotas em sua passagem pelo Flamengo, para Atlético-MG e São Paulo.
Paulo Sousa
Com 68,8% de aproveitamento, Paulo Sousa venceu 19 dos 32 jogos. Foram sete empates e seis derrotas, e os números em gols até foram bons. A equipe do português balançou as redes adversárias 59 vezes, sofrendo 30 gols a menos: 29. No entanto, não se saiu bem em decisões, o que atrapalhou e deixou o início de trabalho ainda mais conturbado. Foram derrotas no Carioca, para o Fluminense, e a Supercopa, para o Atlético-MG. Seu desempenho enquanto mandante também não foi bom. Das seis derrotas, quatro foram jogando em casa, sendo duas para o Fluminense, uma para o Botafogo e outra para o Fortaleza.
Vitor Pereira
O atual técnico tem apenas 11 jogos a frente da equipe, já que em três oportunidades não comandou o time nesse início de ano. Foram sete vitórias, um empate e três derrotas, marcando 25 gols e sofrendo 12. É o pior início defensivo de um técnico do Flamengo nos últimos anos.
O português ainda não sofreu derrotas em casa, mas são os fracassos na Recopa, Supercopa e também a queda precoce do Mundial de Clubes que colocam pressão sobre o seu trabalho. Além disso, com Vitor aconteceu a segunda derrota em muito tempo para um sul-americano: 1 a 0 na ida da Recopa, no Equador, novamente para o Del Valle.