Análise: as deficiências da arbitragem brasileira comparada às europeias
Nos últimos anos, a arbitragem tem ganhado cada vez mais espaço dentro das discussões sobre o esporte bretão. Seja nas mesas televisivas ou de botequins, a arbitragem brasileira ganhou foco tão grande quanto os protagonistas, de fato, nos gramados.
Assim como em diversos fatores, a referência de uma arbitragem da melhor qualidade é a europeia. Lá, atual os melhores clubes do mundo, com receitas bilionárias, os melhores jogadores e, consequentemente, melhor autoridade no sentido de respeito mútuo ao jogo.
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Recentemente, vimos erros absurdos em partidas do futebol brasileiro. Vale ressaltar, por exemplo, o erro em Chapecoense x Flamengo, quando a assistente marcou impedimento de Gabigol; além de estar atrás do penúltimo defensor, Gabi estava atrás da linha do meio-campo, tornando inválida qualquer marcação de impedimento.
A assistente poderia cometer esse erro e ser ajudada pelo VAR caso houvesse permitido a finalização da jogada. Contudo, ao invés de realizar o que é recomendado nos protocolos, encerrou o ataque Rubro-Negro ao levantar a bandeira. Ou seja, viu-se vários erros em apenas um lance.
Enxergando a falta de critério da arbitragem brasileira e o crescimento dos erros crassos na atual temporada, a Opta, um grupo que realiza estudos estatísticos sobre performance no esporte bretão, trouxe uma comparação entre o Campeonato Brasileiro e as cinco principais ligas dos países da Europa: Inglaterra, Espanha, Alemanha, França e Itália.
Dessa forma, o MRN apresenta no, formato de matéria, alguns números importantes para entender algumas deficiências dentro da arbitragem brasileira. O Flamengo, assim como os outros clubes brasileiros, acabam sendo prejudicados.
Opta: arbitragem brasileira é a que aplica mais faltas
Quando se trata de jogo picotado, a arbitragem brasileira é número um em comparação com outras grandes ligas. Na atual temporada, a média de falta gira em torno de 29.8 por jogo.
A liga italiana aparece na segunda colocação com 27.3 faltas marcadas. Já a Premier League, maior referência de arbitragem no futebol mundial, é a última com apenas 20.4 faltas por jogo.
A diferença entre o Brasileirão e a Premier chega a quase um terço no número de faltas. Uma diferença gritante que muda completamente a dinâmica do jogo.
Por falar em dinamismo, dentre os dez jogos com maior número de aplicação de faltas, oito foram válidos pelo Campeonato Brasileiro.
O Flamengo aparece duas vezes: em terceiro, no duelo contra o Palmeiras, válido pela primeira rodada da competição – que contou com árbitro FIFA e erro ao não assinalar pênalti em Bruno Henrique. E também em oitavo, no duelo contra o Cuiabá na Arena Pantanal.
No Flamengo x Palmeiras, foram 46 faltas marcadas. Contra o Cuiabá, foram 44. O jogo com mais faltas também é brasileiro: Atlético-MG x Juventude, com cinquenta faltas.
Por esse viés, portanto, o Brasileiro também não está com uma forte presença entre os jogos com menos faltas assinaladas.
Dos treze jogos com menos faltas, apenas um é da nossa competição: Corinthians x Fluminense, com treze faltas marcadas. A partida mais limpa ocorreu entre Everton e West Ham, na Premier League, com apenas seis marcações.
Cartões aplicados dentro do padrão europeu
Nos números com relação aos cartões, a arbitragem brasileira não é a mais rígida. Entre as seis competições, o Brasileirão encontra-se em terceiro com uma média de 4.4 amarelos por jogo.
A La Liga e a Serie A possuem uma média maior de, respectivamente, 4.87 e 4.78. Já a Ligue 1 possui a menor média, com 3.66 amarelos por confronto.
Com relação aos cartões vermelhos, o Brasileiro é quarto colocado, com uma média de 0.22 por jogo. Atrás está a Premier e a Bundesliga, com 0.15 e 0.13 de média, respectivamente.
Apesar de ser a liga que menos aplica amarelos, os franceses possuem a maior média: 0.28. Famosa por ser uma competição com defesas intensas, a Serie A aparece em segundo, com 0.25.
Conclusões sobre os números
O fator dinâmico das partidas precisa ser revisto pela comissão de arbitragem da CBF. No último mês, a confederação viveu seu pior período com relação a erros de arbitragem, ocasionando na demissão do chefe Leonardo Gaciba.
A reformulação deveria ser geral: buscar profissionalizar os árbitros, aumentando a intensidade e dificuldade dos cursos, com explicações transparentes acerca das regras.
Nesse sentido, a intervenção do árbitro de vídeo necessita de uma análise profunda sobre quando e como se posicionar dentro dos noventa minutos. Com muita participação, o VAR perde o sentido; anteriormente, chegara com a missão de corrigir erros claríssimos. Mas não foi o que vimos, sobretudo em jogos da competição nacional.
A manifestação dos clubes também é necessária, principalmente em conjunto. Contudo, as brigas internas entre as instituições não inviabilizam uma movimentação mais efetiva dentro das mudanças na arbitragem brasileira.
Nas últimas rodadas, o Flamengo se posicionou fortemente sobre os erros cometidos nas suas partidas da competição. Contra o Cuiabá, a Chapecoense e o Athletico-PR, o desentendimento entre regras e protocolos prejudicaram o Mais Querido.