Cabe a nós, a partilha da história rubro-negra. Jamais esquecer, principalmente para quem chegou agora, a dor de tropeços e deslizes
Por André Café
Somos uma Nação. Pela proporção de rubro-negras e rubro-negros e sua paixão colossal. Um país dentro do outro, aficionados pelo tremular da flâmula vermelha e preta, que desbrava o mar revolto, mas ordenado, das palmas e canções nos estádios, quadras, em águas e no ar.
Entoamos letras que embalam sonhos. Mesmo com possíveis conflitos geracionais, donde cada trupe e cada canto é uma história, possuindo forma e conteúdo próprio: era de um jeito há 10 anos atrás, agora tem outra roupagem. Mas o que importa é jamais se calar. É impedir o silêncio pelo romper de vozes esganiçadas. Somos a frente que eleva o poder de um Flamengo vencedor. Mais que uma faísca, catalisamos a potência, emulamos nossos corações com ataque e defesa. Olhamos para o time como um rebento, uma extensão de nossa própria existência.
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Clamamos, “educamos”, muitas vezes com vocabulário vasto e non grato – atenção que não cabe preconceito em refrão – gritamos mais forte, para que como um sibilo, alcance o motor motivacional de cada jogadora e jogador, no auge do caos de emoções em uma falta a favor aos 43, ou numa jogada – a priori – despretensiosa aos 46. É sinergia pura, é conexão em milhões de megahertzs, é uma simbiose que oscila entre momentos bucólicos e traumáticos, a explosão supernova de alegria no gol, na cesta, no ponto fatal e lancinante.
Cabe a nós, a partilha da história rubro-negra. Jamais esquecer, principalmente para quem chegou agora, a dor de tropeços e deslizes. Mas para de deliciar com toda trajetória de felicidade carnavalesca e sem fim, pois esta história é por demais preenchida de glória, de vitórias, de superações. E mais ainda, a Nação é pintada de orgulho, pela nossa amplitude. Nós alcançamos todas as classes. Nosso rosto é diverso. Por esse motivo, o Flamengo é nosso, de cada uma e um. Aqui não cabe divisão, aqui não se permite cerceamento. O Flamengo é do povo? O povo é o Flamengo, então em cada espetáculo, lá devem estar todas e todos nós. E estamos, mas podemos ser bem mais plurais, assim como já fomos.
Marcamos na pele, fazemos promessas, olhamos para cima, num céu que parece ser convite para mais e mais desafios e delícias. É o tal de “Ai, Jesus” reeditado a cada milhagem que se espreita. E seguimos, e planamos, mais ariscos e faceiros que Ícaro, para além do Sol, buscando estrelas de grandeza maior, levando cada sorriso e angústia de milhões que te amam, time do povo, time de luta, time de tradição. Avante, Adelante, Forward! Seguiremos contigo, nessa aventura sem fim, de ser feliz.
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Imagem destacada: Alexandre Vidal/Flamengo