Adílio: aquele que pulou o muro para entrar pra história

Hoje, o tempo parou um instante. Adílio faria 69 anos. E é impossível passar esse dia como se fosse qualquer outro. Porque não foi qualquer um que nasceu nesse 15 de maio.
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Adílio era o menino da Cruzada que cresceu com poeira no pé e sonho nos olhos. O mesmo menino cuja família ajudou a levantar as paredes da Gávea, tijolo por tijolo, com muito amor e suor. Mas não se contentou em ficar do lado de fora. Pulava o muro atrás do futebol. Corria pra dentro. Sonhava grande.

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E de tanto pular, um dia ficou. E ficou tanto que virou parte do próprio Flamengo. Virou história. Adílio fez da Gávea sua casa. E não foi só morador: foi guardião, exemplo, alma.
Foi o camisa 8 do esquadrão de 81, o que conquistou o mundo para o Flamengo. O primeiro daquele time lendário a nos deixar. Mas mesmo "partindo", não partiu. Porque quem deixa raízes tão profundas no coração da Nação, permanece pra sempre.
Homenagem da torcida do Flamengo. Foto: Gilvan de Souza / Flamengo
Adílio é o elo mais puro entre o Flamengo e o povo que o sustenta. É lembrança viva de que o clube nasceu das arquibancadas, do subúrbio, da bola que rola no asfalto quente. É aviso tão silencioso quanto representativo: nunca desrespeitem essa conexão. Nunca.
Ele se foi cedo. Cedo demais. Mas a gente se consola imaginando que lá do alto, entre nuvens rubro-negras, Adílio segue nos protegendo. Se cumprir esse papel como jogava, driblando as dores do mundo com classe e humildade, estamos em boas mãos.
Hoje, o céu veste vermelho e preto. Hoje, o anjo da camisa 8 sopra nos nossos ouvidos que vale a pena sonhar.
Thiago Paiva é o estereótipo de brasileiro flamenguista. Nasceu no Nordeste, cresceu no Norte e é radicado em São Paulo. Testemunhou o Hexa com Imperador e o Bi da Liberta em Lima. Também é gestor das redes sociais do MundoBola. Acompanhe também em @urubuclube.