A versão rubro-negra da Guerra dos 100 Dias

A primeira versão deste texto era completamente diferente. A motivação inicial era fazer uma análise dos primeiros cem dias de Vitor Pereira como treinador do Flamengo. Era para ser uma analogia às avaliações feitas na política sobre o início de novos governos. Mas é chegado o centésimo dia do ano e o português não é mais funcionário do clube. Aliás, a demissão do técnico após um dos maiores, se não o maior, vexame da história do Clube de Regatas do Flamengo mudou o enfoque.

Não estávamos vivenciando um novo governo democrático que precisava ser analisado. O rubro-negro estava em guerra e uma daquelas sangrentas. E assim como na Guerra dos Cem Dias original, podemos ter observado o fim de uma Era marcante. Na batalha francesa, chegou ao fim o Período Napoleônico. Já o confronto rubro-negro pode ter marcado o fim de um dos times mais dominantes da história do futebol sul-americano.

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Não tem muito o que dizer sobre os 99 dias sangrentos do Flamengo sob o comando de Vitor Pereira. Foram inúmeras batalhas, das quais o exército rubro-negro saiu dilacerado. E baixa após baixa, a Nação rubro-negra foi perdendo a confiança que os seus soldados, tão exaltados nos últimos confrontos, poderiam defender a honra do povo. Enquanto isso, o Alto Comando das Forças Armadas Rubro-Negras assistia inerte a um general mandando seus homens desarmados para o fronte.

Atiradores de elite, altamente condecorados e celebrados por performances anteriores no campo de batalha trocaram os fuzis de precisão por pistolas arcaicas e enferrujadas. E aos poucos, aquele pelotão de elite conhecido pelas eficientes ofensivas devastadoras para quem estivesse pela sua frente se tornou um alvo fácil, extremamente exposto que não consegue proteger a nação.

Napoleão foi um dos nomes mais importantes da história da França e viu, após 100 dias de guerra, sua Era acabar. O Flamengo de 2019 foi um dos mais importantes da história do futebol sul-americano e pode ter visto, após 100 dias de guerra, sua Era acabar. E aí aproveitando a Páscoa para mais uma analogia, talvez só o retorno de (Jorge) Jesus possa, enfim, fazer esse time rumar para uma nova vida eterna.

Por Felipe dos Santos