A eleição para o futuro presidente do Flamengo ainda não tem data marcada, mas, pelo estatuto do clube, precisa ocorrer nos primeiros dez dias de dezembro. Ou seja, no máximo daqui a exatos seis meses. Apesar da proximidade, hoje o cenário no clube é de absoluta indefinição sobre a sucessão de Rodolfo Landim.
O processo de escolha de um nome para manter unida a base de Landim vem se mostrando difícil. O presidente nomeou uma comissão liderada por Diogo Lemos, membro do Conselhinho de Futebol, para preparar um balanço de seus dois mandatos e um plano de governo para o próximo triênio antes da escolha oficial do candidato, a ser escolhido pela base de apoio.
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Entretanto, membros da atual gestão não esperaram a oficialização e já se movimentam desde o início do ano para consolidar sua candidatura. O nome preferido de Landim é o vice-presidente geral Rodrigo Dunshee de Abranches, mas boa parte dos integrantes da gestão prefere o presidente do Conselho de Administração Luiz Eduardo Baptista, o Bap.
Um terceiro nome vindo da gestão Landim também já colocou sua candidatura: Mauricio Gomes de Mattos, ex-vice-presidente de Embaixadas e Consulados. Em busca de um nicho eleitoral, Mattos, que tem apoio de sócios mais antigos no clube e tenta mobilizar os poucos eleitores off-Rio remanescentes, também tem buscado apoios entre a oposição.
Oposição não se entende nem sobre objetivo em eleição
O cenário na oposição é ainda mais indefinido que o na base de apoio a Landim. O único consenso entre os diferentes grupos parece ser que é preciso haver um candidato único. A partir daí, as divergências são grandes desde o objetivo até os meios.
Parte da oposição acredita que não há chances de ganhar a eleição e o importante é ocupar espaços na gestão e impedir a vitória de Dunshee, que veem como pior cenário, e assim cogita buscar uma composição com Bap. Outra parte vê uma chance real de vitória desde que a situação chegue de fato dividida entre Dunshee e Bap, desde que haja só mais uma candidatura. Para isso, seria preciso uma composição com Mattos que podia ter até o próprio ex-VP como candidato.
A oposição chegou a ensaiar uma aliança com o ex-vice-presidente de Finanças de Landim Wallim Vasconcelos à frente, mas as conversas neste sentido acabaram depois que Wallim fez um discurso agressivo contra os aliados do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello durante uma reunião do Conselho Deliberativo.
O próprio Bandeira de Mello , que seria um possível nome, sofre resistências de parte da oposição a seu nome, principalmente por conta de responder processo pelo incêndio no Ninho do Urubu. O nome mais forte que surgiu como opção que uniria toda a oposição é do ex-vice-presidente jurídico Flávio Willeman, mas ele hesita em assumir a responsabilidade por conta de questões profissionais.
Manifesto contra SAF e planos de Landim para o futuro
Na semana passada, então, houve um movimento para começar a viabilizar outros nomes que teve como pontapé inicial a divulgação de um manifesto contra a transformação do Flamengo em SAF assinado por Walter Monteiro – que foi candidato em 2021 e terminou em terceiro lugar, um voto atrás de Marco Aurélio Assef, inelegível este ano e não visto como opositor real -, Gilberto de Oliveira Barros e Carlos Ferrão.
Os três conseguiram movimentar a eleição com o manifesto, com tanto Dunshee quanto Bap dando recados de que também eles seriam contra a SAF, embora Landim defenda a possibilidade para a construção de um estádio.
O próprio Landim, aliás, continua decidido, como informou o MRN, a disputar a próxima eleição para a presidência do Conselho Deliberativo. Lá, ele controlaria a caneta para pautar a discussão da SAF. Por isso, a oposição tem conversado também para encontrar um nome forte capaz de concorrer com Landim nesta eleição, que acontece após a votação para a presidência do Flamengo.
Embora a inscrição de candidaturas só aconteça em setembro, a expectativa é que até o fim deste mês haja uma definição mais clara sobre os postulantes à eleição no Flamengo.