Após ver derrotada a emenda que permitiria estender seu mandato em um ano e prometer a conselheiros não avançar na proposta de transformação do clube em SAF neste ano, Rodolfo Landim já tem um novo plano para se manter no centro do poder no Flamengo após o fim do seu mandato como presidente, em dezembro.
A intenção de Landim é se candidatar a presidente do Conselho Deliberativo (Code), o equivalente ao Poder Legislativo do Flamengo. No cargo, Landim teria condições de conduzir uma reforma para transformar o clube em SAF, além de outras mudanças no estatuto.
➕Landim admite assumir cargo em SAF do Flamengo
Nesta semana, o atual presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Alcides, aliado de Landim, abriu prazo para que conselheiros apresentem modificações a uma emenda que impede o Code de apreciar mais de uma vez na mesma legislatura emendas ao estatuto sobre o mesmo tema. Isso atende a uma posição defendida pelo próprio Landim no ano passado quando a oposição tentou retirar uma limitação aos sócios off-Rio imposta pelo Conselho no ano anterior.
“Eu acho que quando os assuntos são discutidos e deliberados aqui neste fórum teria que haver um certo respeito à decisão que já foi tomada para que a gente não ficasse sempre fazendo novas emendas e discutindo a mesma coisa durante todo o tempo. Esse assunto pra mim ele foi discutido e deliberado há um tempo atrás. E a decisão do Conselho foi fazer uma limitação quanto a isso. Eu acho que existem coisas dentro do estatuto do Flamengo que realmente merecem discussão e a gente precisa avançar nessas discussões. Mas se a gente ficar voltando sempre às mesmas coisas o tempo todo pra mim é um problema”, queixou-se ele na época segundo um áudio obtido pelo MRN.
Se a emenda passar, aumenta a possibilidade de que a Comissão do Estatuto, que tem a função de redigir a versão final das propostas de emenda que vai ao plenário e é livremente nomeada pelo presidente do Code, distorça iniciativas da oposição sem que haja possibilidade de os conselheiros usarem sua prerrogativa estatutária de recorrer para votar o texto original ainda no mesmo mandato do Legislativo.
O MRN apurou que o apoio à sua candidatura ao Deliberativo fez parte dos cálculos de Landim para apoiar o vice-presidente Rodrigo Dunshee de Abranches em vez de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, como candidato à sua sucessão. Dunshee é ex-presidente do Code e tem mais influência entre os conselheiros do que Bap.
Entretanto, a tendência é que os conselheiros que apoiam a candidatura de Bap à presidência do Flamengo também votem em Landim como candidato do Code.
Landim repete Marcio Braga, mas se inspira em Petraglia para se perpetuar no poder
Não há caso recente de presidente do Flamengo que tenha deixado o cargo diretamente para assumir o Code, mas há um precedente importante na história do clube. Após encerrar sua primeira passagem à frente do clube, Marcio Braga se elegeu presidente do Code e ocupava essa posição quando o Flamengo foi campeão da Libertadores e Mundial em 1981 – na gestão justamente do pai de Dunshee, Antônio Augusto Dunshee de Abranches.
A inspiração mais recente vem de fora do Flamengo. Em 2015, quando as limitações impostas pelo Profut impediram que ele disputasse mais um mandato de presidente do Athletico-PR após duas décadas no poder, Mario Celso Petraglia se elegeu presidente do Conselho Deliberativo e seguiu comandando o clube paranaense na prática a partir de um novo cargo. O grupo de Petraglia segue no poder no Athletico até hoje.
As inscrições para a eleição do Conselho Deliberativo só acontecem depois da eleição para presidente do Flamengo. O roteiro do plano de Landim para se perpetuar no poder depende da vitória de Dunshee na eleição de dezembro, mas ele pode tentar uma composição com Bap caso seja ele o eleito. Neste momento, o presidente do Flamengo não trabalha com a hipótese de uma vitória da oposição, que ainda não definiu seu candidato.