Durmo o sono dos justos. O meu sonho sempre foi que a conta chegasse para o Flamengo. E digo mais: a conta sempre chegou para o Flamengo e continuará chegando. E é essa justiça que eu espero dos Deuses do Futebol.
Antes de 2013, a conta já havia chegado: inúmeras gestões desastrosas faziam o potencial gigantesco do Flamengo ser diminuto. O Flamengo era, esportivamente, menor que outros clubes nacionais. Internacionalmente, vivíamos de lampejos, brilharecos.
Com exceção do início da década de 80 (onde, convenhamos, o mundo dos negócios no futebol tinha valor diferente da atualidade), éramos coadjuvantes. Não pela torcida, não pela história, nunca pelo potencial. Mas a justiça nunca passou a mão na cabeça do Flamengo. Foi implacável. É quase caímos de divisão.
Do mesmo autor: Pedro, um estudo de caso
A partir de 2013 começamos a pagar uma conta que já havia chegado, conta essa que diminuía o Flamengo dentro de campo e que só aumentava os números negativos ($) fora dele. Mas começamos a pagar, com custo, montando elencos sofríveis porque era o possível a ser feito.
Flalido, cheirinho, mulambos, diziam eles. Mas enquanto não celebrávamos tantos títulos, reforçávamos a confiança de que a nossa hora chegaria, tamanha era a boa gestão administrativa e financeira que se apresentava na Gávea. A paciência foi uma das nossas maiores e mais surpreendentes virtudes.
Então chega 2019 e com ele um clube estruturado, bem administrado e pronto para a conta chegar: elenco recheado de bons jogadores, sem fazer apostas financeiras com o tempo. Os títulos, “preço” cobrado pelos bons trabalhos fora de campo, começam a aparecer em pilhas.
Então vem a pandemia e ela também cobra seu preço: enquanto rivais se reforçam com craques, nós nos desfazemos de jovens talentos e de um craque titular multicampeão. Conseguimos recuperar jogadores que não estavam tão bem e contratamos jogadores por empréstimo ou que possuíam passe livre. Sempre respeitando e sabendo que a conta chega.
E assim continuo dormindo o sono dos justos. Porque a conta vai chegar para o Flamengo. Talvez, ainda esse ano, a conta seja caríssima: ainda disputamos Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro. Quem sabe Mundial. Caro demais. Mas mais que isso: podemos superar 1Bi de receita em um ano que todas as direções apontavam para uma retração de receitas.
Que a conta nunca deixe de chegar no Flamengo. Porque pelos lados rubro-negros, sabemos que nós (es)colhemos o que plantamos. O que os outros estão plantando?
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