Allan Titonelli: No Dia de Reis, Zagallo é o homenageado
Apesar de todos os textos de 6 de janeiro usarem o verbo no passado, o tempo já havia tornado o Velho Lobo inesquecível e imortal. Os Deuses do futebol já haviam eternizado essa lenda do esporte mundial muito antes de Zagallo partir.
Suas façanhas sempre serão lembradas como uma forma de resgatar o passado e lembrar ao presente que foi craque no campo, na beirada dele e fora dele. Ousado, inovador, pensamento vitorioso, líder nato, religioso e supersticioso.
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Comandado por Vicente Feola, em 58, quando ainda era jogador rubro-negro, protagonizou uma das mudanças táticas mais relevantes para a época, o ponta que fechava o meio de campo, e transformava o tradicional 4-2-4 em um inovador 4-3-3.
Já na Copa de 1970, como treinador, conseguiu arranjar vaga para todos nossos craques em campo – muito diferente de vários técnicos modernos que pregam um equilíbrio do meio em defesa de seus volantes marcadores -, recuando inclusive um volante que sabia sair jogando para zagueiro. Inova também na preparação física para aquele Mundial.
Zagallo foi um dos maiores gestores de grupo que eu já vi no futebol. O jogador e gestor mais vitorioso da Seleção Brasileira. Enfim, campeão como jogador em 58 e 62, construiu uma das maiores seleções de todos os tempos em 70, deu suporte a Parreira em 94 e ainda quase trouxe o caneco em 98.
Sua genialidade imortalizou uma das maiores frases do futebol: “vocês vão ter que me engolir”, em desabafo às críticas da imprensa.
Zagallo: Cria do Flamengo
Zagallo é cria da Gávea, conquistando o primeiro título continental do Flamengo e sendo tricampeão estadual (53-54-55).
Mas a maior conexão da torcida rubro-negra com Zagallo remonta a 2001. A câmera foca em Alessandro rezando. Joel desesperado, aos berros. E Zagallo (técnico do Flamengo) confiante, com sua imagem de Santo Antônio nas mãos. A torcida levanta as mãos cantando pausadamente “Mengooo, Mengooo, Mengooo…”, passando energia para Pet, que pega a bola, beija e ajeita com carinho.
Pet corre para a cobrança, bate forte, com curva e perfeição. A barreira pula, o goleiro também salta, se esforça, mas a bola faz uma trajetória única, entrando no ângulo esquerdo de Hélton, que apenas resvala os dedos na bola. A nação explode de emoção. Zagallo sai correndo vibrando!!! É tri!!!
Obrigado por tudo Zagallo. No dia de Reis, você foi jubilado pelo Brasil, pelos rubro-negros e pelo Mundo.
Allan Titonelli é rubro-negro, amante do futebol, gosta de jogar uma pelada, assistir partidas, resenhas esportivas ou debater com os amigos sobre “o velho e violento esporte bretão”. Escreveu, ao lado de Daniel Giotti, o livro “19 81 – Ficou Marcado n...