João Luis Jr: Uma vitória para lembrar a diferença que um jogador inteligente pode fazer
Não precisa ter um PHD em futebol por uma tradicional universidade britânica para perceber que o elenco rubro-negro precisa se reestruturar para a próxima temporada.
Não temos um meia de criação reserva. A lateral-direita tem um dono promissor, mas ainda não 100% confiável. A esquerda tem um titular vindo de má fase e um reserva de muita qualidade, mas, próximo de se aposentar. Nas pontas temos jogadores que vem se apresentando de maneira para lá de irregular.
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Some a isso uma diretoria mais propensa a usar os atletas da base como fonte de renda para comprar medalhões questionáveis do que como reforços para o time principal. E você consegue um elenco desequilibrado e carente de várias peças, algo que foi agravado pela baixa eficiência do clube no mercado nas últimas temporadas.
Mas, ao mesmo tempo que o Flamengo precisa de uma reformulação, ele precisa de uma reformulação bem-feita. Que leve em consideração as reais necessidades do elenco, o tipo de jogador que o clube precisa e a relação custo-benefício de cada atleta.
E ao contrário do que muita gente parece pensar, ela envolve muito menos se livrar de qualquer jogador da geração de 2019, como se fôssemos um clube sem memória ou bom-senso. Envolve muito mais entender o que existia – e ainda existe – nesse grupo de jogadores que permitiu que eles fizessem história com a camisa rubro-negra.
Filipe Luís, Arrasca, ER7: experientes e inteligentes
Veja, por exemplo, Filipe Luís. Mesmo a caminho da aposentadoria, praticamente andando em campo, foi essencial para a vitória deste domingo contra o Fortaleza, em pleno Castelão. Se trata não apenas de um jogador de rara qualidade e imensa categoria. Também é um cara que possui uma ética profissional absurda e plena compreensão do que é o Flamengo e do que ele representa.
O mesmo vale para Everton Ribeiro, outro que fisicamente parece não viver seu auge, mas foi decisivo no segundo gol. Também serve para Arrascaeta, que segue convivendo com lesões, mas ainda consegue realizar mágica quando está dentro de campo.
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O Flamengo deveria apenas se livrar de jogadores assim, ou deveria buscar aproveitar esses atletas, de maneira inteligente, num grupo que oferece opções, de maneira a não depender exclusivamente deles – até mesmo com Filipe Luis exercendo funções fora de campo?
Porque ainda que seja essencial reformular o Flamengo para o ano de 2024, com diversas chegadas e saídas se mostrando importantíssimas para um clube que quer brigar por títulos, não se pode cometer o proverbial erro de “jogar fora a criança junto com a água suja da bacia”.
Temos um elenco com grandes jogadores, que se bem treinados, bem motivados e recebendo os reforços necessários, pode, sim, voltar a brigar pelas grandes conquistas. Como fica claro em jogos como o de hoje, quem sabe jogar bola nunca desaprende, apenas às vezes precisa de coisas como “colegas do mesmo nível”, “boa preparação física” e “um treinador que não seja maluco” para tudo ficar mais fácil.