Vice de Marketing do Flamengo defende novo projeto, mas admite queda de receita sem a Globo
MRN Informação | Bruno Guedes – O Vice-Presidente de Comunicação e Marketing do Flamengo Gustavo Oliveira rebateu críticas ao departamento que comanda. Em entrevista à Revista Veja desta semana, o dirigente se defendeu e disse “satisfeito” com os novos formatos de transmissão. Além disso, afirmou que o Rubro-Negro perdeu receitas no entrave com a TV Globo.
De acordo com Gustavo, o modelo atual de transmissão está consolidado no Brasil. Entretanto, para ele, não é viável para um futuro próximo. O VP acredita que o Flamengo tomou a decisão correta em apostar no streaming da FlaTV. E declarou que os clubes ainda estão engatinhando quanto a esse formato:
“Nós ainda estamos engatinhando, mas nossos movimentos visam o futuro, o plano é exatamente estar preparado para entrar nesse jogo. É plantar para colher daqui uns anos, embora já estejamos ganhando um bom dinheiro com a implantação da FlaTV e FlaTV+”, declarou o Vice de Marketing do Flamengo.
Porém, quando questionado sobre o quanto o sucesso da FlaTV, Gustavo desconversou. Sem revelar números ou valores, preferiu apenas elogiar a nova ferramenta:
“ão gostaria de abrir isso agora (quantos assinantes), mas é um número bastante razoável, estamos muito contentes com o resultado. E além do valor da FlaTV+, que fica 100% conosco, recebemos dinheiro também das operadoras de TV a cabo, cerca de 50% do pay-per-view do Carioca”, afirmou à reportagem da Veja.
Sobre as críticas dos torcedores na aquisição da FlaTV+ e para acessá-la, Gustavo Oliveira limitou-se a dizer que há problemas, “é um processo de aprendizado, mas é um caminho sem volta”.
Vice de Marketing do Flamengo revela que o clube perdeu dinheiro sem a TV Globo
Uma das maiores polêmicas da atual gestão do presidente Rodolfo Landim é o embate com a TV Globo. Principal defensor da chamada MP do Mandante, que dá liberdade aos clubes de negociarem seus direitos de transmissão, o Flamengo rejeitou o contrato oferecido em 2020. Agora, com a FlaTV+ e cotas bem menores, Gustavo revelou que o clube perdeu dinheiro.
Lembrando que a emissora se recusou a aumentar valores para transmissão do Campeonato Carioca, o Vice de Marketing do Flamengo admitiu que as cifras oferecidas não foram igualadas. Contudo, repetiu que serviu de “aprendizado” para o clube:
“Achávamos que merecíamos receber mais, a Globo não concordou e tudo bem, o contrato não foi renovado. Buscamos então outras alternativas como a FlaTV. Conseguimos alguma receita, que evidentemente não igualou os 18 milhões. Mas serviu de aprendizado nesta valorização de conteúdo e o movimento foi crescendo, inclusive em outros clubes”.
A reportagem também questionou sobre o impacto que essa queda de receita teria causado aos cofres rubro-negros. Gustavo afirmou que ainda é cedo para afirmar:
“Não dá para dizer. Ano passado teria entrado esse dinheiro, mas não tenho certeza se a Globo manteria os mesmos moldes do Estadual para 2021. Para você ter uma ideia, a Globo fez uma nova proposta esse ano: no total, baixou de 125 milhões para 45 milhões, sendo que só 5 milhões ficariam para o Flamengo”, declarou o Vice de Marketing do Flamengo.
Lembrado que na Europa os clubes não transmitem seus próprios jogos, mas sim os vendem e fazem mais dinheiro, novamente repetiu que “estavam aprendendo”:
“Mas essa foi só uma oportunidade de mercado, quisemos abrir o leque para diversas alternativas e volto a dizer: isso não é um problema, não estamos perdendo dinheiro com isso e aprendendo muito com o processo”, afirmou.
Dificuldades em conseguir patrocínios não preocupa, segundo o Vice de Marketing do Flamengo
O Flamengo foi um dos clubes que menos sentiu os efeitos financeiros da pandemia. Entretanto, precisou reajustar suas prioridades financeiras em 2021. Muito criticado pela pouca eficiência do seu setor, Gustavo usou números para defendê-lo mesmo sem novos projetos para o chamado “fazer dinheiro novo”:
“Em 2019, ganhamos 110 milhões de reais de bilheteria. Em 2020, tivemos pouco mais de 20 milhões. Perdemos bilheteria, sócio-torcedor, patrocinador, fora a confusão logística, se joga ou não joga. É muito duro para nós e para todos os times. Temos muita receita, mas também muita despesa, é um time caro. Mas de maneira geral estamos conseguindo passar por isso”, explicou.
Recentemente o Flamengo perdeu o patrocínio da MRV, que se concentrou no apoio financeiro ao Atlético-MG. Com lugares em aberto no uniforme à espera de novos parceiros, o Vice de Marketing do Flamengo explicou a situação:
“Sim, temos quatro lugares vagos: a meia, o calção, as costas e a manga. Tínhamos um bom acordo de calção, mas a empresa deixou de pagar três meses, por isso cortamos. Nossos patrocínios estão muito valorizados. Temos propostas que 95% dos clubes brasileiros aceitariam, mas eu não posso vender um espaço maior por menos do que os meus atuais patrocinadores pagam. Temos de ter muito cuidado, a pandemia afetou o mercado, mas em breve vamos anunciar um acordo muito interessante”, finalizou Gustavo.
A entrevista completa com o Vice de Marketing do Flamengo está disponível na versão online da Revista Veja.
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Jornalista e Historiador, é apaixonado por futebol bem jogado. Já atuou na Rádio Roquette Pinto e como colunista no Goal.com. Siga no Twitter: @EuBrguedes