Após a coletiva de Marcos Braz sobre a agressão ao torcedor, o agredido também falou com a imprensa nesta sexta-feira (22). Dessa forma, já se tem acesso aos dois lados. Como era de se esperar, as duas versões são contrastantes, e se contradizem quando unidas. Para Leandro, o torcedor agredido, Marcos Braz mentiu em praticamente todo o seu discurso.
Ameaças de Leandro a Marcos Braz
Para início de conversa, Marcos Braz garantiu que sua reação se deu por conta das ameaças feitas a ele e a sua filha de 14 anos. O dirigente diz que Leandro afirmou que se a vitória não vier no domingo, na final da Copa do Brasil, mataria o mandatário.
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“Vocês têm que acreditar em mim. Eu fui ameaçado, e ameaçado de morte ao lado da minha filha de 14 anos. Eu sou preparado para estar no cargo, sou muito preparado. Agora, para isso eu não me preparei. Uma coisa é você ser ameaçado na internet. Outra coisa é um maluco transtornado, com cara de maluco, falando que vai te matar, e que se os resultados não vierem no domingo a cobrança será diferente”, diz Braz.
Além disso, Braz também diz que pediu para que a cobrança parasse por conta da presença de sua filha, e que ficou irado quando ouviu um xingamento deferido para a criança: “Falei sistematicamente várias vezes que minha filha estava ali. Eu peço desculpas mas eu vou ter que falar isso aqui, mas a última frase foi ‘F*da-se a sua filha’. O final vocês viram”, explica.
Mas Leandro não compartilha dessa versão. O flamenguista diz que apenas pediu a saída do dirigente, e quando viu, Braz estava indo em sua direção pronto para fazer a agressão.
“A única coisa que eu falei para ele foi ‘Marcos Braz, sai do Flamengo’. Falei exatamente isso e virei as costas. Em nenhum momento ameacei ele, ou a filha dele. Na questão da mordida, eu sei que foi ele porque eu vi ele mordendo. O amigo dele me chutou na cabeça, mas em nenhum momento eu agredi alguém”, explica Leandro Campos, antes de falar sobre a mordida:
“Eu falei: ‘Marcos Braz, sai do Flamengo’. A lojista gritou, eu virei e ele já estava vindo atrás de mim com punho cerrado. Eu virei de frente para ele, ele se desequilibrou e caiu, puxou as minhas pernas e eu caí também. Ele caiu sobre a minha virilha e me mordeu”, detalha.
Filha de Marcos Braz estava no shopping?
Apesar do dirigente garantir que estava com sua filha, as testemunhas indicam que não havia a presença de uma criança. Braz explica que não mora com a menina, e que ela chegou com a mãe e duas amigas.
“Depois minha filha chega junto com duas amigas. Ela não mora comigo, e sim com a mãe, e por isso chegou depois. Elas ficam em frente à loja um pouquinho à direita. E aí chega o rapaz que deu problema. Ele chega e começam as ameaças. Aí vem o cara, e eu falo: ‘Minha filha está aqui do lado’. E ele falando, falando, falando. A filha via o pai sendo ameaçado de morte, fui na direção dele e falei sistematicamente que a minha filha estava ali.
Leandro, por sua vez, diz que não viu a filha de Marcos Braz em momento algum.
“Então, em nenhum momento ela estava lá na loja. O que aconteceu depois da briga foi que eu peguei meu chinelo e calcei, fiquei no canto ali, com um segurança do meu lado. Fiquei até em choque, né?!”, conta.
Braz diz que não tinha segurança, mas Leandro diz que acompanhante ajudou a agredi-lo
Marcos Braz garante que não anda com seguranças e que o clube não fornece esses profissionais para sua proteção pessoal. As imagens que rodaram as redes sociais mostram que um homem ajudou Braz a agredir o torcedor, e especulou-se que seria um segurança dele, mas não foi o que disse o dirigente.
“Eu não tenho segurança, eu não ando com segurança, o Flamengo nunca me deu segurança, a não ser em estádio. Pelo fato de não ter segurança, eu voltei para a loja, por questões óbvias”, garante Braz.
O torcedor diz que foi agredido por um acompanhante de Braz, mas não consegue julgar se era um segurança pessoal do mandatário ou se tratava-se de um amigo.
“Estão falando aí que não era segurança, era amigo dele. Ele estava à paisana. Eles estavam dentro da loja e vieram os dois atrás de mim”, comenta.
Leandro não faz parte da Torcida Jovem do Flamengo
Antes de Leandro aparecer, integrantes da Torcida Jovem também apareceram para cobrar Marcos Braz. Por isso, imaginava-se que o agredido pudesse ter alguma ligação com esse grupo. Mas o garoto de 22 anos garante que não.
“Eu trabalho ali, no Ifood de bicicleta, rodo ali na redondeza. Estava ali shopping, passei e vi ele. Estou todo dia ali. (…) Não faço parte de torcida organizada”
Marcos Braz, entretanto, diz que a situação foi premeditada e levou para a coletiva uma folha impressa com ameaças da Torcida Jovem, pedindo para que avisassem sobre a presença do dirigente pelas ruas do Rio de Janeiro para que pudessem persegui-lo.
“É só ir na internet, está sistêmico. A premeditação é clara. O vídeo foi postado 40 segundos depois do ocorrido. O próprio primeiro vídeo, eu não falo nada. Esse vídeo está postado também. Não preciso falar que está premeditado, estava na internet três dias antes”, diz.