Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!
Tinha um carinha que só gostava de loira baixinha - de máximo um e sessenta - clarinha, sem muitas sardas. Há loiras baixinhas no mundo, mas não são muitas. Quando encontrava alguma, aí o rapaz se lambuzava de alegria, gostava, pulava na rua pulando feito o flamenguista no natal de 2009. Era sonho, era troféu, era aquela vitória difícil.
Um outro sujeito que havia era lá sem muitas preferências, topava de anão careca a mulher gorda de bigode, traveco ou mulher ou misturado, tanto lhe fazia a pele e o gosto. Tinha encontro todo dia, de segunda-feira, de manhã, quando quisesse. Tinha encontro de chamar junto o anão, a gorda, o negro tripé, a milf casada e a patota toda.
E também se lambuzava vez ou outra. Até com loira baixinha, que também tá no mundo para gostar da vida.
Para o futebol, serve a mesma coisa. Tem aqueles que assistem jogo do Portsmouth, do campeonato paranaense e de sub-15. Para esses, gol é toda hora, tanto faz o goleiro. Em época de copa do mundo, esses tarados deliram. E vociferam com os mosaicos multijogos na transmissão.
Eu, cá por mim, sou para o futebol como o cara que só gostava de loira pequena. Se não for para ver o Flamengo, qualquer outra coisa é melhor de fazer. Com a Era de Ultron, no cinema, com Demolidor, no Netflix, com outro capítulo de GoT pra ver, com tanta praia, praça, museu, bar, casa de parente, com tanta palavra cruzada pra fazer, como perder um só segundo com um Vasco e Botafogo?
Se desse na telha ver a final alheia, seria apenas pelo fetiche. Fosse daquelas belas transas de Alexis Texas, um clássico bonito, legal de ver, mas este jogo é um coito de mulher sem bunda e homem de piroquinha - um pornozinho infame só para quem é bem libidinoso.
Orra, é Mengo!
Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.