Valido: O campeão de duas nações

02/02/2015, 16:26
Valido

Agustín Valido nasceu em 31 de janeiro de 1914 na capital Argentina, Buenos Aires Pérola da cantera do Boca do Juniors

Paty Castelan (Twitter: @PatyCastelan)

Agustín Valido nasceu em 31 de janeiro de 1914 na capital Argentina, Buenos Aires. Pérola da cantera do Boca do Juniors, o maior Clube do país vizinho, jogou também no time principal, sendo campeão nacional pelo “Azul y Oro” no ano de 1934, tornando-se um ídolo da torcida xeneize que se autodenomina como sendo o “12º jogador” da equipe. E realmente o é. Tal como o rubro-negro que ele viria a conhecer.

  Em 1937, Valido entrou para uma equipe chamada Combinado Becar-Varella, time formado só por jogadores argentinos que se rebelaram em seu país e foram excursionar e fazer jogos no Brasil.  Quando chegou ao Rio de Janeiro, numa partida contra o Flamengo, o futebol precioso, refinado de Valido, chamou a atenção do Presidente rubro-negro que o contratou de imediato. Começava ali uma história de glórias ao rubro-negro Carioca e ao craque argentino.

Valido é o quinto maior artilheiro estrangeiro da história do Flamengo tendo marcado 45 gols em 143 jogos que disputou com o manto sendo o mais importante e o que o eternizaria como ídolo do rubro negro Carioca, o gol sobre o Vasco na conquista do primeiro Tri campeonato Carioca do Flamengo em 1944 (O Flamengo repetiria a façanha por mais 4 vezes, sendo Penta Tri do Campeonato Carioca).

A história do primeiro Tri Carioca do Flamengo com Valido impressiona. É daquelas histórias mágicas que só acontecem nos Clubes mais amados de cada país.

Em 1944, Valido já havia pendurado as chuteiras há um ano e sete meses quando foi até a Gávea para jogar bola sem compromisso. Uma pelada entre amigos.

Ao ver como Valido ainda jogava muito bem, o atual técnico Flávio Costa, que queria um cabeceador como Agustín, fez o convite surpreendente: queria que Valido voltasse e atuasse no time novamente há dois jogos da final do estadual daquele ano. Valido ficou surpreso, hesitante mas aceitou.

Para deleite da maior torcida do mundo, marcou na sua reestreia na goleada de 6 x 1 em cima do arquirrival, Fluminense. O próximo jogo seria contra o Vasco da Gama, e a mágica aconteceria.

Diz  a história, que no dia da final, Valido acordou sentindo-se mal e jogou com 39 graus de febre. Aos 41 minutos do 2º tempo, abriu o placar marcando um belo gol de cabeça, sua especialidade, que deu ao Flamengo o 1º Tri Campeonato do Carioca e decretou o 2º lugar ao Vasco, a freguesia que permanece até os dias atuais.

Os jornais da época estampavam Valido exultante e o Vasco deprimido, derrotado pelo rubro-negro (também permanece nos dias atuais).  Um deles, imprimiu: “O Tento de Valido. O gol de valido trouxe um Tri em que só o Flamengo não parou de acreditar”.

O Flamengo havia vencido o Carioca em 42-43-44. Eram tempos difíceis. A Segunda Guerra Mundial assolava o Mundo e trazia muitos imigrantes ao Brasil que recebia a todos, com dificuldades pelas arbitrariedades dos governantes da época mas que nada eram perto dos horrores dos países em guerra. Os imigrantes espalhavam-se pelo Brasil e vendo a exuberante natureza, o povo local acolhedor, descobriram o futebol e o Flamengo pelas ondas de rádio.

O rubro-negro Carioca não pertencia mais só aos cariocas. Eles tiveram que acostumar-se a dividir seu Clube com diversos sotaques e pessoas diferentes. Nos pés da brilhante geração de 40, o Flamengo passara a ser o Mais Querido do Brasil que já não era só de brasileiros. Os imigrantes tinham o Brasil como um paraíso, o futebol como um bálsamo em suas sofridas vidas e o Flamengo um amor maior que lhes seria imutável e passaria de geração em geração.

Na década de 60, Valido atual como diretor de futebol do Flamengo onde em sua passagem como gestor, em 63, conquistaria mais um estadual: o Carioca de 63.

Valido faleceu em 1998. Durante sua vida, não cansou de dizer que seu amor pelo Flamengo era maior que tudo e que “jogar no Flamengo foi sua maior emoção”, como nessa emocionante entrevista

Cada rubro-negro compartilha o mesmo sentimento de Valido, que faria no último sábado 101 anos. O amor do nosso craque pelo Fla ficou eternizado como ele, na história do “Mais Querido”.


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