Pela segunda semana seguida o Flamengo teve tempo para treinar aproveitando a folga na rodada da Copa do Brasil e esperava-se evolução. O jogo, apesar de ser num horário ingrato, seria contra o lanterna Joinville, conhecido por ter uma defesa boa e um ataque pavoroso, portanto jogo tranquilo de ataque rubro-negro contra defesa tricolor.
Oswaldo não teria Paulo Victor e Emerson suspensos, além de Wallace, Pará e Ederson no DM. As substituições foram as previsíveis: Éverton no lugar de Emerson, César no gol e Ayrton na vaga do Pará.
O tempo, ao contrário do esperado, estava ameno, céu nublado, mas ainda assim o Flamengo agiu de modo prudente usando o uniforme branco. Na arquibancada um mar rubro-negro com muitas famílias, mais de 52 mil pagantes e quase 59 mil presentes.
Em campo, o jogo seguiu o esperado. O Flamengo tendo mais a bola, com volume de jogo, o Joinville conseguindo a posse nos erros do Flamengo, mas com contra-ataques pouco eficientes, as poucas finalizações para fora, César só fez uma defesa e no 2° tempo. Já do lado contrário o Flamengo jogava contra si mesmo e “perdia”.
O primeiro grande problema é tático, o posicionamento em campo e a dinâmica entre os jogadores é equivocado. O segundo problema é técnico e aí podemos questionar algumas escalações e substituições, além de avaliar a influência do problema tático agravando o desempenho individual.
Na saída de bola víamos claramente um grande espaço entre os jogadores e especialmente entre as linhas, isso provoca um grande número de passes entre os jogadores de defesa tanto no 1° quanto no 2° terço de campo, especialmente quando o time adversário não marca sob pressão. Isso provoca distorções como ver os jogadores de defesa com mais passes que os jogadores de ataque, cerca de 59% num jogo em que o time adversário dava espaço e se entrincheirava na frente de sua área.
E, se a saída de bola enfrentava problemas, o ataque rendia ainda menos com jogadores sem paciência para trabalhar a bola ou inteligência para perceber os companheiros melhor posicionados ou ainda passar no tempo certo, o que provocou vários lances de impedimentos corretamente marcados. Outro problema crônico que vem atrapalhando é a vontade de decidir sozinho, a individualidade excessiva por parte de alguns jogadores faz o time perder muitas boas jogadas que poderiam resultar em gol.
Um exemplo disso é o desempenho de Paulinho e Éverton, os dois jogadores que ocupam a faixa intermediária do meio com Alan Patrick no 4-2-3-1 de Oswaldo. Ambos jogadores “fominhas”, carregadores de bola com dificuldade de jogar coletivamente como mostra o número de passes certos: Éverton com 24 e Paulinho com 17, o que menos passes certos deu entre os jogadores de linha. Alan Patrick, que joga entre eles, teve 54 passes certos, Canteros que também ajuda na armação teve 40.
A consequência desse jogo pouco coletivo do ataque é que poucas bolas chegam no Guerrero, que acaba tendo que se deslocar para ajudar na armação e fica sem chances de finalizar. Quando o centroavante aparece pelo meio, foge da marcação e se posiciona pra receber, o sábio trio de meio campistas do Flamengo acha que pode resolver sozinho e chuta de longe ao invés de trabalhar a bola e penetrar na área criando chances mais claras, o que se reflete nas 21 finalizações do Flamengo com apenas 5 chutes no gol, só Alan Patrick chutou 6 vezes e mandou apenas 1 bola na direção do gol.
O placar foi aberto aos 12 do 2° tempo com Ayrton em uma cobrança primorosa de falta, no ângulo, indefensável. A ampliação veio aos 37 minutos do 2° tempo com Gabriel, mais um golaço por cobertura na saída do goleiro.
Entre um gol e outro chamou a atenção o comportamento de Oswaldo, que mais uma vez parecia estar guardando substituição como se pudesse usar na próxima partida. O técnico, que deveria identificar os problemas do time e procurar meios de solucionar, manteve-se como um espectador privilegiado ao invés de mexer no time que evidentemente não funcionava.
Quando se tem muita posse de bola, mas não se consegue trabalhá-la ou criar chances claras de gol na mesma proporção, o treinador deveria olhar para o banco e buscar alternativas, promover uma variação tática, aumentar a presença do ataque. A mudança mais intuitiva era a de usar o 4-4-2 para colocar mais um atacante dentro da área, havia Kayke e Baggio no banco e, aqui, cabe um adendo importante: Time vencendo, jogando contra o lanterna que mal ataca, não pode colocar o artilheiro da base que está no banco? Vai deixar pra dar chance contra o Atlético-MG, Corinthians, Grêmio?
Contudo, mostrando a falta de ousadia e até de repertório, Oswaldo apenas trocou Guerrero por Kayke, na alteração mais “ousada” não colocou Cirino e sim Gabriel no lugar de Paulinho, completando com a bizarra entrada de Almir no lugar de Canteros já aos 42 minutos do 2° tempo. E, além das críticas já feitas ao esquema engessado e não-funcional, cabe as dúvidas sobre as repetidas chances ao Almir, enquanto Luiz Antônio, que sempre entrou bem, continua no banco, assim como o veto a titularidade do Ederson por não aguentar os 90 minutos, quando Paulinho SEMPRE sai durante o jogo.
Por todos esses motivos acima, a vitória ao invés de tirar um peso do torcedor, traz mais preocupação. Semanas cheias para treinar, opções no banco e não vemos evolução tática e menos ainda opções de variação, compactação e jogadas ensaiadas na bola parada, enquanto sobram erros bobos de passe, especialmente no ataque, individualidade e péssimo aproveitamento nas finalizações. Lembremos que dos 9 jogos que faltam, Flamengo enfrentará Internacional (C), Corinthians (F), Grêmio (F), Santos (F) e fecha contra o Palmeiras (C), 5 dos times que estão brigando em cima, sendo 3 adversários diretos pela 4ª vaga do G4.
Saudações Rubro-Negras
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Nayra M. Vieira é integrante da equipe MRN Informação e também escreve na plataforma MRN Blogs
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