O jogo começa e o Flamengo se impõe, como habitualmente, as chances são criadas e desperdiçadas. Mesmo com a displicência de Gabigol, que tropeça na bola, e chega atrasado nas jogadas, o Fla fazia uma partida razoável.
Não havia motivo para acreditar que o Fla do Renato pudesse ser dominado, quiçá ser goleado. O time se portava como se a qualquer momento fosse definir o jogo, mas faltava algo mais, a fome de gol dos jogos anteriores.
Do mesmo autor: Estamos em outro patamar
Até que Bruno Henrique recebe uma bola no meio de campo cercado por adversários, e cai ao primeiro contato, pedindo falta, aquela velha mania dos jogadores brasileiros. O Inter retoma a bola em velocidade com Edenilson, que tabela com Iuri no meio de 5 a 6 rubro-negros e sai na cara do gol. Gol do Inter. E a torcida corneta o juiz e a desatenção do time e da defesa.
Antes do final do primeiro tempo Diego recebe a bola na defesa, dribla dois do Inter carregando a bola no meio de campo, quando a jogada se abre, mas ele tenta mais um drible. Perde a bola, cai no chão pedindo falta. O Inter faz uma ligação direta com Saraiva, que inverte a jogada, pegando a defesa do Fla em recomposição. Patrick recebe e passa para Iuri Alberto, que vence Isla e Gustavo Henrique ao mesmo tempo e faz o gol. A torcida do Fla reclama mais ainda da sua dupla de zaga e da lentidão da transição defensiva.
Na volta do segundo tempo o Inter recua, dá campo ao Fla, mas segue brigando por todas as jogadas. Os rubro-negros estavam atônitos, reclamando com o árbitro e caindo na pilha do adversário, o controle mental do jogo estava completamente perdido. Já não havia mais organização, que piora após o terceiro gol em contra-ataque, depois de escanteio para o Fla, com Felipe Luís de último homem, o que não deveria ocorrer, dada as características do jogador. A torcida já muito impaciente solta uma saraivada de críticas e sobra até para Renato Gaúcho, que resolveu poupar o time no meio de semana. “O Mister não faria isso nunca. Perdemos o ritmo de jogo.”
Gabigol chuta a bola para longe, após a interrupção da jogada, o Juiz dá amarelo, e ele continua reclamando, e bate palmas ironicamente, quando o Árbitro é avisado e expulsa o jogador. A torcida e o time se irritam mais ainda com o Juiz. De imediato muitos torcedores elegem logo um culpado, como é do nosso costume. E o árbitro vira o vilão da partida. Ainda teve tempo para o Inter fazer mais um gol.
Uma noite para ser esquecida, ou melhor, ser lembrada para que não possa ser repetida. A dor da humilhação e da derrota deve ser sempre lembrada e registrada, porque nas adversidade que surgem os gatilhos mentais para que os comportamentos indesejados não se repitam. Assim se forjam os grandes vencedores.
Allan Titonelli é rubro-negro, amante do futebol, gosta de jogar uma pelada, assistir partidas, resenhas esportivas ou debater com os amigos sobre “o velho e violento esporte bretão”. Escreveu, ao lado de Daniel Giotti, o livro “19 81 – Ficou Marcado n...