Muricy assumiu o Flamengo em dezembro e começou a pré-temporada em janeiro com treinos táticos e físicos, tendo nos últimos dias feito 2 coletivos e um jogo treino mantendo não só o mesmo esquema de 2015 como boa parte da escalação. A estratégia de partir de algo que os jogadores conhecem e aproveitando o entrosamento pode ser um facilitador para buscar soluções para os problemas da última temporada.
Titulares: Paulo Victor – Rodinei, Wallace, Juan, Jorge – Arão, Alan Patrick, Márcio Araújo – Éverton, Guerrero, Emerson
Reservas: Muralha – Pará, César Martins, Antônio Carlos, Chiquinho – Canteros, Jajá, Jonas – Thiago Santos, Baggio, Gabriel
Jogadores trabalhando a parte:
- Ederson, Cirino, Arthur Henrique e Nixon: Não possuem lesão, mas seguem fazendo trabalho físico individualizado para prevenção de lesões.
- Mancuello: Como ainda teria que voltar a Argentina para obter o visto de trabalho, fez treino físico, viajou e chegou ontem. Hoje ainda faz trabalho físico, mas deve se juntar aos trabalhos de campo nos próximos dias.
O jogo contra o Tigres foi como todo jogo treino, burocrático a maior parte do tempo, ninguém chegando mais duro ou marcando com mais intensidade. Assim, não dá para cravar absolutamente nada por enquanto, apenas tentar entender como será o desenho do Flamengo em 2016.
O esquema tático e dinâmica do time não mudou muito, algumas vezes a primeira linha mantinha-se com 4, por outras os laterais subiam e Márcio Araújo ficava mais fixo entre os zagueiros. Nas pontas a inversão de lado de Éverton, que passou para a direita enquanto Emerson continuou na esquerda, onde mais atuou em 2015.
A maior diferença no meio está nas características de movimentação de Canteros e Arão. Enquanto o argentino prefere armar de trás e evoluir com tabelas e triangulações, o novato que ganhou a titularidade gosta de conduzir a bola e sobe muito ao ataque, algo que pode deixar a defesa um pouco sobrecarregada contra adversários que tenham ímpeto de atacar, o que não foi muito visto hoje.
Rodinei mostrou bastante velocidade, o que permite bom entrosamento com Éverton e Arão, todos corredores, deixando o lado direito bem rápido. Não era incomum perceber Rodinei ou Éverton chegando bem antes da marcação na linha de fundo, o problema é que poucas vezes acertaram cruzamentos ou jogadas ofensivas.
Já a esquerda tem a dupla Jorge e Emerson muito bem entrosada, correm menos e produzem mais graças a combinação de técnica, experiência e visão de jogo que os fazem “correr certo” e encontrar os espaços, não à toa foi por ali que surgiram os 2 gols do jogo, ambos em finalizações de Sheik.
Um destaque negativo foi o excesso de toques próximo da linha central de campo, o time continua cozinhando muito mais o jogo que tentando criar, como se esperando abrir um espacinho na lateral para algum dos velocistas correrem com a bola tentando um cruzamento de qualquer jeito. Praticamente nada foi criado pelo meio, em parte pela péssima partida de Alan Patrick, em parte pela falta de capacidade de criação dos volantes Márcio Araújo e Arão.
Guerrero não fez gol, pouco finalizou e nem tocou tanto na bola, mas fez um importante trabalho de pivô e também abrindo espaço ao atrair a marcação –sempre 2 ou 3 jogadores do Tigre – para o ponto oposto da jogada. Esses espaços foram muito bem aproveitados por Sheik e nem tanto por Éverton, que não costuma centralizar tanto e continua finalizando muito mal.
A partir de declarações de Tata – auxiliar de Muricy – e até de interpretações de Rodrigo Caetano e Godinho de que Mancuello é meia, uma substituição esperada para os próximos jogos é a troca de Alan Patrick pelo argentino. Assim quando Ederson ficar apto a jogar, provavelmente o jogador sacado será Éverton.
No segundo tempo houve a troca de todo o time do Flamengo e os reservas foram a campo com a mesma formação do time titular, mas um estilo de jogo um pouco diferente. Houve muita velocidade dos pontas, criaram até mais chances de gol, mas não marcaram nenhum.
Como Pará e Chiquinho não possuem a mesma intensidade e qualidade dos laterais titulares não subiam tanto para jogar com os pontas, em muitos lances Thiago Santos partia sozinho cercado por 2 ou 3 marcadores e perdia a bola. Gabriel se movimentou um pouco mais, por vezes caindo para o meio tentando ajudar Jajá pela esquerda, também apareceu um pouco mais na área que Thiago Santos.
Baggio é rápido e finaliza bem, mas como não tem o nome de Guerrero e nem a mesma estatura para aproveitar cruzamentos, não recebia a mesma atenção na marcação então não abria espaços na defesa com seus deslocamentos, tornando a defesa mais difícil de ser batida.
O meio teve um Jajá que se movimentou mais, porém produziu tanto quanto Alan Patrick. Muito mal no jogo, burocrático nos passes, a ponto do time deixar de procura-lo tanto para acionar mais Canteros, que tentou organizar o jogo de trás pelo meio, ajudando na saída de bola e conseguindo algumas boas jogadas com Thiago Santos e Baggio.
A defesa não foi muito exigida em nenhum dos dois tempos, um ou outro ataque bem abafado, não dá para julgar muito, mas nada indica que Muricy pretenda tirar a titularidade de Paulo Victor.
Por enquanto, tudo aponta para a continuidade do 4-3-3 como esquema tático do Flamengo em 2016, mas como a diretoria ainda está em negociações com alguns jogadores e como Muricy ainda conhecerá melhor as peças que estão chegando de fora, não descarto uma adaptação para o 4-1-4-1, principalmente se o trabalho com a Exos for bem-sucedido como se espera e deixe Ederson apto a jogar toda a temporada.
Saudações Rubro-Negras