Um Arrascaeta tão genial que transforma até Léo Pereira em artilheiro

13/03/2022, 09:44
Arrascaeta Flamengo Bangu

Cientistas estimam que o universo tenha 14 bilhões de anos de idade, o planeta Terra tenha cerca de 4,5, alguns animais tenham surgido há cerca de 540 milhões de anos. Os primeiros seres humanos aproximadamente 2,5 milhões de anos atrás, o futebol nasceu na Europa ali pelas primeiras décadas dos anos 1800, o Flamengo foi fundado apenas em 1895.

Então imagine a sorte que é, a imensa combinação de eventos necessária, para que todos nós estejamos vivos e sendo rubro-negros na mesma época em que está em campo um gênio como Giorgian Daniel De Arrascaeta Benedetti.

Do mesmo autor: Não é soberba cobrar que o time 7x mais caro seja o melhor em campo

Porque ainda que palavras como “diferenciado”, “brilhante” e “craque” sejam atiradas hoje em dia em absolutamente qualquer direção – lembremos do dirigente cruzeirense e dos comentaristas que achavam que Rodriguinho Testa de Outdoor e Marquinhos Paraná eram melhores que Arrasca – a verdade é que o meia uruguaio, com atuações como a de hoje, vem mostrando que está sim num patamar muito diferenciado dentro do futebol brasileiro e sul-americano.

LP agradecendo a Deus pelo Arrasca existir. Foto: Marcelo Cortes

Não que o adversário fosse uma potência, claro. O fragilizado Bangu, vice-lanterna do estadual, não aguentou nem mesmo dez minutos da pressão rubro-negra no Maracanã lotado antes de tomar o primeiro gol, num toque sutil de Arrascaeta no canto do goleiro Paulo Henrique. Quatro minutos depois, outra jogada iniciada por ele, Arrasca, lindo passe de Éverton Ribeiro, 2×0 com Gabigol.

E quando o primeiro tempo já caminhava para o final, pelo passe de Thiago Maia, assistência de quem? De Arrasca, com gol de Léo Pereira. Uma vitória parcial tranquila de um Flamengo bem melhor organizado, com Lázaro fazendo a ala esquerda, Éverton Ribeiro rendendo bem mais na armação e João Gomes dominando o meio de campo.

E se o segundo tempo começou lento e confuso, com as entradas de Diego e Pedro, foi Matheus França, cria da Gávea, que impediu a torcida de dormir, com seu primeiro gol como profissional. Mas Arrascaeta ainda tinha mais coelhos para tirar da cartola, ao cruzar uma bola perfeita na cabeça de Léo Pereira, que marcou seu segundo gol na partida, ampliou a goleada, e mostrou que talvez não estivéssemos assistindo uma partida normal e sim mais um trailer do filme “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, já que até mesmo três Homens-Aranha no mesmo filme é menos inesperado que dois acertos do Léo Pereira na mesma partida.

Menção honrosa para o fato de que Hugo não fez merda hoje. Foto: Marcelo Cortes

E ainda tinha mais, claro. Como se reabilitar nosso perturbado zagueiro fosse pouco, Arrasca ainda deu um lançamento açucarado para Isla – o lateral da doença seletiva que impede de jogar mas não de ir ao pagode – dar uma bela assistência para o segundo tento de Gabigol, que fechou a goleada em 6×0, praticamente um gol para cada grupo de 10 mil torcedores que foram prestigiar a equipe neste retorno ao Maracanã após mais uma rodada de reformas.

Leia também: Paulo Sousa: “Sinto-me batizado pela Nação Rubro-Negra”

Negativo apenas o desempenho de Pedro, que, tendo apenas 45 minutos em campo, parecia fora de sintonia com o resto da equipe e acabou não conseguindo deixar sua marca para encerrar a semana de polêmicas. 

Mas ainda que o principal saldo da noite tenha sido a oportunidade de apreciar a genialidade do nosso camisa 14, também ficam alguns sinais muito claros das direções que Paulo Sousa deve tomar para a disputa das semifinais do Carioca. Seja Lázaro como possível solução na ala, seja Éverton de volta no meio, seja João Gomes titular, já é bem viável ver quais parecem ser hoje os saldos mais positivos entre as experiências do treinador português.

Que agora, contra adversários cada vez mais fortes, a genialidade de Arrasca possa se unir a um Flamengo cada vez mais organizado para garantir mais vitórias como a deste sábado.