Prazo para punir responsáveis por tragédia do Ninho prescreve no Flamengo

08/02/2024, 09:16
Estatuto do Flamengo prevê que sócios do clube não podem mais ser punidos cinco anos após fatos; clube nunca instalou inquérito interno sobre incêndio

Dirigentes amadores do Flamengo que sejam considerados responsáveis pela tragédia do Ninho do Urubu, a partir de hoje, não podem mais receber punição interna no clube. O prazo para apurar e punir infrações disciplinares de sócios do clube relacionadas ao incêndio prescreveu nesta quinta-feira sem que o Flamengo tenha sequer aberto uma comissão de inquérito interna para apurar responsabilidades pelo caso.

O estatuto do Flamengo prevê que “prescreve em cinco anos o direito de punir” infrações disciplinares no Flamengo. O incêndio no Ninho do Urubu completa cinco anos hoje.

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Em 2019, membros da oposição solicitaram ao presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo, Antônio Alcides, a abertura de um inquérito para apurar responsabilidades no incêndio. Alcides rejeitou a proposta sob alegação de que era preciso aguardar a conclusão das investigações oficiais da polícia.

Entretanto, mesmo após a abertura do processo criminal contra o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, Alcides se recusou a abrir o inquérito interno, dizendo aguardar a decisão da Justiça.

Cabe ressaltar que o fato de outros dirigentes não terem sido incluídos no processo criminal não significa que não tenham cometido infrações ao estatuto que poderiam ser punidas. Além disso, ao não investigar internamente o caso, o Flamengo não fez um diagnóstico completo dos motivos que levaram ao acidente e como poderia evitar algo parecido no futuro.

Flamengo só fez investigação interna sobre fala de Bandeira

Maior tragédia da História do Flamengo, o incêndio no Ninho custou a vida de dez meninos de entre 14 e 16 anos: Athila Paixão, Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique da Silva Matos, Rykelmo de Souza Vianna, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías.

A única investigação conduzida internamente sobre o assunto não foi para apurar responsabilidades, e sim para julgar Bandeira por ter dito que, se ainda fosse presidente na data do incêndio, a tragédia não teria acontecido. Bandeira acabou absolvido no caso.

Atualmente deputado federal, Bandeira estuda voltar a se candidatar a presidente do Flamengo nas eleições de dezembro deste ano.


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