Torcedores voltam a criticar o Conselho de Futebol do Flamengo; entenda
Após perder a Libertadores para o Palmeiras neste sábado (27), os torcedores do Flamengo se preocupam com a atual gestão do clube rubro-negro e questionam se a demissão do técnico Renato Gaúcho seria o bastante para uma possível melhora do desempenho do clube. As críticas dos torcedores têm um alvo certo: o Conselho de Futebol do Flamengo, responsável entre outras coisas, pela contratação de técnicos.
Segundo a torcida, as falhas apresentadas pelo time em campo na final foi positiva para o presidente do clube, Rodolfo Landim, e o chamado “conselhinho”, já que os erros podem ser utilizados como desculpa para maquiar as constantes falhas apresentadas pelos mesmos.
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A aproximação da eleição que definirá quem vai presidir o clube pelo próximo triênio também tem inflamado as discussões.
O surgimento do Conselho
Quando foi eleito por meio do presidencialismo de coalizão – ato de fechar acordos e fazer alianças com grupos políticos para ser eleito – em dezembro de 2018, com a Chapa Roxa, Rodolfo Landim optou pela criação de um conselho de futebol.
Em 2019, o integrante do Conselho e vice-presidente de relações exteriores do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, cedeu uma entrevista ao canal “Paparazzo Rubro-Negro”, no YouTube em que falou sobre o Conselho.
“O conselho do futebol do Flamengo tem cinco pessoas, entre elas o vice-presidente de futebol. O Marcos Braz representa o conselho no dia a dia do clube. O conselho decide tudo que é estrutural e de planejamento. Se o Flamengo for comprar um terreno ao lado do Ninho, é com o conselho. O Flamengo vai comprar um jogador, que é um ativo do clube, passa pelo centro de inteligência, que responde ao conselho. O conselho entra em um consenso se é um bom jogador ou não”, discorreu.
Além do VP de futebol Marcos Braz e o VP de relações exteriores Luiz Eduardo Baptista, o conselho é integrado pelos conselheiros Dekko Roisman, Diogo Lemos e Fábio Palmer.
Boa parte das críticas dos torcedores com relação ao “conselhinho” se devem também ao fato da inexperiência de alguns dos seus integrantes na área do futebol.
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Os integrantes
Fábio Palmer tem 39 anos e é superintendente de uma empresa de recursos humanos. A sua única experiência com o universo futebolístico foi como jogador de futsal. É um dos integrantes do grupo Ideologia Rubro-Negra, do qual também faz parte Rodrigo Chafir, responsável pela intermediação de atletas com clubes. Foi Chafir o responsável por intermediar o contato entre Felipe Melo e Flamengo em 2014.
Dekko Roisman tem 40 anos e antes de integrar o conselho não possuia experiência com o futebol. Apenas fundou uma rede de lojas que realiza a venda de camisetas de times de futebol.
Além do conselho faz parte do grupo político FlaFut que tem como principal objetivo a discussão do futebol desempenhado pelo clube. A criação do clube se deu em 2015 e integra entre 30 e 40 membros.
O grupo de Dekko protagonizou uma discussão com Marcos Braz em 2020, quando mandou uma indireta ao VP e exigiu a demissão do técnico Domenec Torrent, após sofrer derrota por 5 a 0 na Libertadores.
Na época, a partida foi definida pelo grupo como “apática e desorganizada, que envergonhou os torcedores e nos fez lembrar de tempos dos quais gostaríamos de ter esquecido”.
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Diogo Lemos tem 36 anos e também não tinha experiência prévia com o futebol, além da de torcedor do clube carioca. É administrador de empresas e trabalhou em uma multinacional do setor de óleo e gás. Além de ter atuado no ramo de restaurantes e ser socio de uma empresa em São Paulo.
É um dos fundadores da torcida organizada Urubuzada e o seu pai foi um dos fundadores da Raça Rubro-Negra.
Ao contrário de Dekko, faz parte do grupo político Sinergia. Quando o grupo do companheiro de Conselho exigiu a demissão de Domenec, Diogo demonstrou apoio a Marco Braz, postando uma foto ao lado do VP com os dizeres “Em frente… sempre!”
Apesar da resistência inicial do VP, o próprio acabou por concordar com a demissão de Domenec, desligado do cargo em novembro de 2020. Torrent deixou o comando do time com 24 jogos, 14 vitórias, quatro empates e seis derrotas.
Crises no Conselho
Para além da questão de Dome, faíscas já haviam sido acendidas por questões ligadas ao conselho. Quando Abel Braga foi escolhido como técnico do Mais Querido, em 2018, a decisão foi tomada pelo Conselho sem antes consultar Marcos Braz.
Quando Abel pediu para sair do cargo em maio de 2019, foi Paulo Pelaipe – então gerente de futebol do Flamengo – junto de Braz, que apontou o nome de Jorge Jesus como um possível sucessor.
Quando Jesus chegou do Benfica para comandar o Flamengo, levou consigo mais sete profissionais – todos membros de sua comissão técnica permanente. Fato que explica o porquê da sua passagem pelo clube ter dado tão certo: não houveram interferências do Conselho na comissão.
Paulo Peilape, três meses após ser demitido por e-mail em 2020, falou sobre o seu desligamento do cargo e acusou falta de respeito por parte do Conselho.
“Faltou respeito! E eu disse isso para o próprio Marcos que é meu amigo. E o presidente Landim que também sempre foi muito correto, pelo menos comigo. Ele tem todo direito de não renovar o contrato do funcionário. O que não precisava era […] dizer daquela forma, com um e-mail, não precisava ter isso. Então, acho que faltou respeito”, disparou Pelaipe em entrevista cedida ao jornalista Jorge Nicola.
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Antes disso, a renovação do contrato do profissional já havia sido acertada com Braz. O desligamento foi decidido por Landim, sem o conhecimento do VP.
“Quando chegou na segunda-feira, dia 6 (de janeiro), às 17h33, eu recebi um e-mail dizendo que o meu contrato não seria renovado. Para eu comparecer no clube no outro dia, às 15 horas, para eu fazer a minha saída do clube. Aí, liguei para o Marcos, e o Marcos não sabia…”, complementou Pelaipe.
Desde que o gerente foi demitido, o Flamengo não elegeu um substituto.
Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense de Niterói. Redatora do Mundo Rubro-Negro.