Tite precisa ser cobrado, mas sem exageros e memória seletiva

08/02/2024, 12:08
Contra Botafogo, Tite tenta passar instruções para o time do Flamengo à beira do gramado observado por Matheus Bacchi

Tite completa quatro meses no comando do Flamengo nesta sexta-feira (9). Quatro meses iniciados em contexto bastante diferente do atual. Era público e notório que ele preferia começar seu trabalho em 2024. Mas aquele era o chamado, a hora e o único momento possível para o namoro se tornar casamento.

A crise gerada por incontáveis títulos perdidos trazia o treinador em um perfil “bombeiro” para doze partidas importantes. Deveria garantir o calendário para este ano, com a classificação direta para a Libertadores ou, claro, obter um título através de um verdadeiro milagre cujo apenas os rubro-negros possuíam forças e motivos para acreditar. E a missão que era mais possível foi cumprida!

Pedro pode reviver drama de Sampaoli com Tite

Em 2024, Tite viu saídas de atletas importantes, como as de Filipe Luís e Éverton Ribeiro. E a chegada do grande reforço do país no ano que é Nicolás de la Cruz impôs ao treinador a necessidade de mudar. De reiniciar um trabalho tático praticamente do zero.

O momento da temporada é de insistir, testar e tentar. Não há competição melhor do que campeonato estadual para isto!

E é o que Tite tem feito ao escalar sua nova estrela ao lado de Arrascaeta e Gerson. Trio de meias que pretende trocar passes curtos com muita aproximação para gerar jogadas de ataque. Criar sintonia entre eles não é tão simples quanto parece. Assim como garantir que eles tenham sinergia com o estilo mais pivotante de Pedro.

Não é exagerado dizer que o Flamengo possivelmente teria vencido todos os seus jogos sem grandes dificuldades caso Tite simplificasse seu modelo e mantivesse um sistema menos complexo, com pontas, por exemplo. Aí sim teria aproveitado o seu início em 2023 e as dinâmicas maduras construídas, especialmente com Cebolinha e Luiz Araújo.

Porém, o momento é o de priorizar a montagem da equipe. De insistir em um modelo agora errático, mas que promete dar muito certo com as coordenações certas e o amadurecer do longo prazo.

Se o Flamengo fosse uma empresa e a torcida, de fato, sua dona, penso que não deveria ser impaciente com o funcionário que opta pelo caminho mais difícil e próspero ao invés daquele mais fácil e possivelmente ilusório. O difícil de hoje pode tornar o futuro mais tranquilo.

Nunca é sobre como começa, e sim sobre como este filme termina. Os mais pacientes geralmente são aqueles que gostam do final!


Mundo Rubro Negro
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Notícia e opinião de qualidade sobre o Flamengo desde janeiro de 2015