Tite no Flamengo: estilo do treinador é funcional ou posicional?
Os dias de Sampaoli no Flamengo estão contados. Assim, a diretoria vê Tite como o melhor nome para assumir o clube para 2024. Com isso, surge um questionamento acerca de um debate recente nas táticas: o treinador é posicional ou funcional?
O MRN ouviu analistas e perguntou sobre o que esperar de Tite no Flamengo. O estilo do treinador é posicional ou funcional? É importante destacar, logo de início, que eles não utilizam o termo funcional. Na literatura científica do futebol, não há, atualmente, nada que fale sobre um estilo funcional. O termo surge como antagônico ao “jogo de posição”, mas com conceitos acadêmicos ainda rasos.
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A ideia do jogo de posição parte de alguns princípios como a posse de bola, ocupação dos espaços, numa ideia de um 3-2-5 ou 3-2-4-1, a formação de triângulos entre os jogadores e a ideia de a bola ir ao jogador, não o contrário. Além disso, no ataque posicional clássico, a valorização da posse de bola e a alta quantidade de passes horizontais também são características principais.
Por outro lado, no ataque funcional, a assimetria com a posse de bola é uma das principais características. Se no ataque posicional, independente de qual lado do campo a bola está, haverá um preenchimento racional, simétrico dos espaços, no estilo funcional há maior volume de acordo com a área que o time pressiona no momento.
Afinal de contas, a qual estilo o Tite é adepto?
Na visão de Raphael Rabello, do canal “Falando de Tática”, Tite não pode ser considerado como adepto do jogo de posição. Mesmo assim, adotou nos últimos anos alguns conceitos da ideia posicional, como a de amplitude máxima, vantagem qualitativa (explorando os pontas no um contra um) e a ocupação dos espaços (disposição do time no 3-2-5 para atacar).
Douglas Fortunato, analista do MRN, lembra de algumas entrevistas de Tite e inicia mencionando a época antes da Copa do Mundo de 2018, em que o treinador usava bastante das aproximações e associações dos jogadores e criar vantagens. Em seguida, aponta que, a partir da segunda Copa, o estilo de jogo passa a se tornar mais racional, mais de ocupação de espaços em relação às aproximações.
Qual versão do treinador esperar no Flamengo?
No Corinthians, o estilo de jogo do Tite era considerado “funcional”, explorando bastante de tabelas e aproximações, com Jadson partindo da direita e atravessando o campo e participando junto com Elias e Renato Augusto. Aliás, no seu começo na seleção, utilizou da mesma base, com Coutinho partindo da direita e, junto à Neymar, se buscando na criação das jogadas.
Entretanto, antes mesmo da Copa do Mundo de 2018, Tite foi adaptando alguns conceitos do jogo de posição, sob a justificativa de jogar como os atletas fazem em suas equipes. Em 2022, utilizou bastante da ocupação de espaços do 3-2-5 para atacar na seleção brasileira.
Por fim, o ideal é que Tite se adapte às características dos jogadores a que participem mais do jogo, como feito em sua passagem no Corinthians e por Jorge Jesus no Flamengo. Caso contrário, terá dificuldades similares aos outros treinadores que tentaram o jogo de posição nos últimos trabalhos, como Sampaoli e Domenec, por exemplo.
Sou de Teófilo Otoni-MG, mas moro e estudo jornalismo em Belo Horizonte, na PUC Minas. Apaixonado pelo Flamengo, videogames, Samba, MPB e sou ex-tenista.