João Luis Jr: Tite é a tentativa mais ou menos sensata de uma diretoria desesperada
Ao que tudo indica, parece que Adenor Leonardo Bacchi, o famoso “Tite”, vai mesmo assinar com o Flamengo. E assim se tornará o terceiro treinador rubro-negro na temporada, após Vítor “Teto Alto” Pereira e Jorge “Não Repito Escalações” Sampaoli.
E ainda que sejam diversas as razões para não simpatizar tanto com o ex-técnico da Seleção Brasileira, indo desde sua linguagem de coach quântico de internet até sua implicância com Gabigol, é impossível negar que Tite parece ser a contratação mais sensata dentre todos os técnicos que passaram pelo Flamengo após Jorge Jesus.
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Primeiro porque ele é um treinador com currículo. Tite já ganhou Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Mundial. Já disputou duas Copas do Mundo e já trabalhou com todo tipo de atleta, de desconhecidos no Veranópolis até astros internacionais na Seleção. Tite não chega por ter sido auxiliar de Guardiola. Não vem após bons trabalhos em times menores. Nem tem como credencial ter sido eliminado duas vezes pelo Flamengo alguns meses atrás.
Tite é, ao menos em tese, um treinador vencedor o bastante pra impor respeito num elenco experiente. Cascudo o bastante para lidar com a pressão do clube de maior torcida do país e capacitado o bastante para brigar seriamente por títulos.
Ou seja, nos últimos anos de uma gestão que errou muito e só acertou sem querer (Jorge Jesus apareceu no Brasil a convite de outro clube, Dorival Junior foi contratado como tampão e demitido após ser campeão), o nome do gaúcho chega a parecer um sopro de lógica diante do recente vendaval de insanidades.
E ainda assim é visível que, mais uma vez, a diretoria rubro-negra, que parece não ter absolutamente nenhuma convicção sobre o que quer, tenta desesperadamente se abraçar num treinador, na esperança de que ele possa resolver todos os problemas do futebol.
Primeiro porque Tite, como já foi dito diversas vezes, não costuma encarnar exatamente o ideal do futebol rubro-negro. Por várias vezes defensor de um estilo mais reativo – ainda que tenha mudado com o passar do tempo – o treinador não é um dos grandes expoentes do chamado jogo bonito – ainda que seguir qualquer tipo de “perfil” nunca tenha sido o forte da atual diretoria.
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E depois porque, se confirmadas as informações de vários veículos de comunicação, o Flamengo estaria, mais uma vez, dando todo o controle do seu futebol nas mãos de um treinador, o que pode dar muito certo, como deu com Jorge Jesus, mas também pode resultar na saída de um profissional sem que absolutamente nenhum legado ou aprendizado fique para o clube, como também aconteceu com Jorge Jesus.
Somando a isso o fato de que o próprio Landim era um dos grandes opositores de Tite e hoje parece bancar sozinho a sua contratação, e você tem um retrato claro de como, quer o possível novo treinador ganhe tudo que disputar, quer ele seja demitido em maio, podemos responsabilizar vários fatores, mas nenhum deles vai atender pelo nome de “planejamento”.
A verdade é que mesmo se Tite realmente vier, mesmo se conseguir fazer o Flamengo render e mesmo que na temporada que vem consigamos finalmente conquistar títulos, nada disso pode absolver o trabalho terrível que vem sendo feito pela gestão Landim e Braz. Porque claro, precisamos torcer e ter esperanças pelo futebol. Mas não podemos também esquecer o passado, pra lá de recente, em que esses dois homens estavam jogando fora a nossa temporada.
