John Textor, dono da SAF Botafogo, adotou discurso com pedido de um modelo específico de Fair Play Financeiro no Brasil. O norte-americano sugere a implementação de um teto salarial no futebol nacional e faz alerta para o Flamengo e outros grande do país de que se nada for feito nesse sentido, o “dinheiro do petróleo” do Grupo City fará o Bahia dominar o Campeonato Brasileiro.
“O Brasil trouxe o dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos nada, se não criarmos um teto salarial, o Bahia ( Grupo City, financiado por Abu Dhabi) vai ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos”, disse em entrevista ao ‘ge’.
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John Textor acredita que o teto salarial é uma boa opção para o futebol brasileiro, já que os concorrentes sul-americanos não conseguirão igualar e controlaria possíveis gastos desenfreados do Bahia. O norte-americano diz o clube tem o necessário para convencer grandes atletas: dinheiro e qualidade de vida, e clama por Liga que definirá regras financeiras.
Apesar de também ser dono de muitos clubes e usá-los para reforçar o Botafogo com atletas mais caros do que o clube poderia, como os R$ 241 milhões gastos somente Luiz Henrique e Almada, ele diz que competir com um país é diferente e compara situação que enfrenta com Lyon na França.
“O fato é que o Brasil trouxe dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos algo agora sobre um teto salarial, o Bahia vai comer nosso almoço. Aquela cidade maravilhosa (Salvador), ótimo hotel, comida, perfeita. Eles vão ganhar todos os campeonatos por 20 anos. Lamento dizer isso para os torcedores do Flamengo aí fora. Esqueçam, acabou, acabou. Precisamos consertar isso agora. A Liga tem que ser feita agora, o teto salarial também.”
“Eles são Abu Dhabi. Nós temos que competir contra o Catar (PSG) na França. Eu estou disputando com um país, não com um dono. Um modelo de gasto desenfreado, sem restrições. Desde que eles consigam gerar receita suficiente, e eles conseguem devido às relações com o Catar e com os patrocínios. Então eles conseguem colocar as receitas exatamente onde eles precisam, para gastar o que eles querem porque desejam ganhar a Champions League.”
As reclamações de John Textor, vale destacar, são justas e precisam ser consideradas pelos clubes. O Brasil não possui regras financeiras, e a chegada de grandes SAFs tende a potencializar isso como problema. No entanto, a postura do Botafogo em 2023 foi gastar mais do arrecada para tentar disputar títulos, terminou o ano com déficit acima dos R$ 100 milhões e parece repetir a dose em 2024.
Fair Play Financeiro da Europa é ‘fraude’, diz John Textor
O dono do Botafogo diz que limitar os gastos de um clube tem o objetivo de limitar a evolução e é injusto competir com o Flamengo que tem mais receitas que todo mundo. Ele classifica o modelo como “fraude”. Mas ignora completamente o processo que o Fla precisou passar para hoje ter a melhor saúde financeira do país.
O americano trata como injusto competir com equipe que trabalhou por seis ou sete anos para arrecadar R$ 1 bilhão em receitas recorrentes. Assim, para poder competir, acha correto injetar dinheiro muito acima da realidade do clube em contratações.
“O fair play financeiro no mundo, e por isso que eu chamei de fraude em um discurso que dei em Londres, é construído para manter os grandes times grandes, e os pequenos, pequenos. Pense nas regras. Você só pode investir 70% das suas receitas nos seus jogadores. Se você já é o Liverpool, ou o Flamengo, tem mais receitas que todo mundo. Se você colocar uma regra dessa aqui no Brasil, você sempre vai ter o Coritiba na parte de baixo da tabela. Essas regras são feitas para manter o status quo. Porque não tenho como alcançar do dia para a noite os 40 milhões de torcedores que o Flamengo tem. Isso é uma fraude, mantém os times pequenos embaixo.”
O Bahia gastou R$ 50 milhões em contratações nessa temporada. Eles também convenceram Everton Ribeiro a assinar contrato, e portais afirmam que o ex-Flamengo receberá grande salário. Mas discurso de Textor parece precipitado para um dono de clube que gastou mais de R$ 260 milhões em reforços.
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.