Soldado paspalho não vence batalha

06/06/2016, 21:23

Gerrinson R. de Andrade | Twitter: @GerriRodrian

 

O zagueirão faz aquele cruzamento escroto que não se deveria fazer: a bola voa torta pelos ares, cai no peito do adversário melhor passador, tudo doce feito paçoca; o passe é feito para o goleador do time que vai lá na tranquilidade, feliz pelo presente. Gol dos caras.

Mas o crítico de arte, o rubens-ewald-filho-dos-campos, logo vê que a culpa foi do 4-3-3, do ajuste fino do contraste, do chroma-key azul, do verso desencontrado do roteirista.

O atacante molejão, poucos neurônios, quer fazer festa no quintal dos outros, dribla pra cá e pra lá, em operação arriscada e inútil. Perde a bola para o rival de pé firme, vem contra-ataque de gente saudável, correria e determinação do inimigo. Gol dos caras.

Mas o erudito-do-gramado-verde, aquele olho que tudo vê, revela ao mundo o que ninguém sabe e desconfia: a culpa foi toda do esquema tático. E declara que qualquer retardado sabe que no 4-4-2 tudo seria diferentemente certo.

Ah, incontáveis ilusões humanas.

Desde o tempo do dente-de-sabre, derrotas são justificadas com o imaginário, desavergonhadamente.

A vontade dos deuses, o dedo podre de um capeta, o mau agouro do profeta,
o esquema rústico do filósofo, tudo vem para minimizar a maior das verdades terrestres:

é a perebice humana,
é a burrice,
é o passo maior que a perna,
é a arrogância daquele que se vê Beckenbauer,
é a pessoa errada no lugar errado,
é a ponta-esquerda acéfalo de cabelinho ridículo,
é o volante nota 3,
é a ausência de talento que lasca o combinado.

Na história do mundo, todo e qualquer esquema já subiu ao pódio.
3-5-2 foi campeão e foi rebaixado, 4-3-3 já goleou e foi goleado.

Tanto faz o esquema quando o executante sabe o que deve fazer, no esquema.

E, em noventa minutos de cada jogo, uns dez é pra organização das peças.
O resto do tempo é vida real, improviso e adaptação.

Na guerra e no futebol, muitas são as estratégias possíveis, para a vitória.
Mas, com soldado fanfarrão e indolente, não há Napoleão que dê jeito.

Orra, é Mengo!

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Gerrinson R. de Andrade escreve no Blog Orra, é Mengo, da Plataforma MRN Blogs. A opinião do autor não reflete necessariamente a opinião do Mundo Rubro Negro.

 

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Gerri Rodrian
Autor

Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.