Só os mortos conhecem o fim da guerra

02/05/2015, 01:15
Orra, é Mengo!
Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!

Os fuzileiros da FlaTT, no front.

Toda guerra precisa de soldados. Mas nem todo mané pode ser um, mesmo que queira e a pátria precise. Não é todo Steve Rogers que toma um soro e vira Capitão América. Por ser arrimo de família, ter peito de pombo ou pé chato, muitos apenas sonham com os campos de batalha.

A guerra não se vence só com o exército. Russos venceram os nazistas na Batalha de Stalingrado com a ajuda de cada camponês. Panela virou escudo e garfo era espada. Quase dois milhões de mortos, tiro na cabeça, frio, fome, morte de pisoteado e engolido sob a lama.

Não é todo flamenguista que pode se tornar sócio-torcedor, no imediato. As arbitrariedades, as sem-razões das coisas, as granadas que caem no quintal, tudo pode fazer da gente um Steve Rogers antes do soro - a gente é fraco, cai no buraco. Buraco é fundo.

Tudo vai e vem, a roda-viva carrega a gente pra lá, depois melhora. O soro do super-soldado de repente chega, a quina da mega-sena, o aumento na comissão, o fim da prestação, tudo no barraco se ajeita. A vida é um outro tipo de guerra, tem batalha que a gente perde.

Certa vez um soldado, o desvanecido, passando em legião pelas estradas, intimida o camponês, inventa logo um desertor para arrancar cabeça. Um outro soldado pede respeito pela gente, pelo camponês. E estufa o peito de orgulho por lutar em nome de todos. É o Capitão América, brioso, com o seu escudo de Vibranium.

Orra, é Mengo!


Partilha
Gerri Rodrian
Autor
Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.