Quando o ano de 2023 terminou, cheio de vergonhas, frustrações e constrangimentos, com a diretoria comemorando classificação para Libertadores como se estivéssemos em 2007, o diagnóstico era claro, para torcedores, comentaristas e dirigentes: o Flamengo precisava de reforços.
O grupo rubro-negro tinha diversas carências. Filipe Luis se aposentou, Rodrigo Caio e Everton Ribeiro saíram, algumas posições não tinham reserva, outras, como a lateral-direita, nem sequer tinham titular. A situação era complexa e o departamento de futebol, prometendo ao menos 4 reforços, foi ao mercado.
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E num movimento ousado, já trouxe de cara Nico de la Cruz, meia polivalente, titular do River Plate, jogador que chega com qualidade e experiência o bastante para ser titular. Pagamos a multa, fizemos a contratação, garantimos o jogador.
Janela de transferências do Flamengo freou
O problema é que a janela de transferências do Flamengo parou por aí. Quer dizer, ela não apenas parou, como ela, mesmo parada, foi se tornando progressivamente mais estranha e confusa nos dias e semanas seguintes.
Primeiro porque, de todos os nomes especulados, nenhum deles parece próximo de vir, diante das exigências financeiras de seus clubes. E o Flamengo, ao invés de procurar outras opções, de já ter mapeados planos b e c, parece achar que o mais sensato é reclamar porque os clubes não nos vendem atletas pelo preço que gostaríamos, como se alguém fosse ficar com pena e doar jogador para o clube de maior receita do continente.
Depois porque, num cenário sem reforços, o esperado seria apostar na base, certo? Pegar os destaques da Copinha, que está acontecendo agora, e subir para o time titular, garantindo opções caseiras para ampliar o elenco.
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O que o Flamengo parece fazer, no entanto, é o oposto, com negociações abertas ou até mesmo já resolvidas por nomes como Werton e Petterson, que não apenas nos deixariam sem opções promissoras de elenco como ainda parecem envolver somas bem inferiores ao esperado por jogadores desse nível, já que 1 milhão de euros, ainda que resolva a vida de qualquer um de nós, parece ser dinheiro de bala quando falamos de futebol europeu.
Quando você soma isso aos seguidos esforços que parecem estar sendo feitos pela contratação do meia Evander, um jogador da MLS por quem estamos oferecendo 7 milhões de dólares por 60% dos direitos – 100% de la Cruz, experiente e multi campeão, custou 16 milhões, para você ter uma ideia – e é possível perceber que algo de muito errado não está certo com as negociações do Flamengo.
Gelo no sangue: frieza ou medo?
Estará a tática do “gelo no sangue” fugindo ao controle e teremos mais uma vez reforços apenas no meio do ano? As más contratações anteriores pesaram e o dinheiro realmente acabou? Estarão os destaques da nossa base tão desvalorizados que só servem para emprestar ou vender por pouco? O que está acontecendo com o Flamengo nessa janela de transferências?
Porque a realidade é que, seja por incapacidade de negociação, falta de dinheiro ou incompetência pura, o Flamengo está começando o ano com um elenco ainda mais limitado que o de 2023, já perdemos ao menos três jogadores e trouxemos apenas um. E se quisermos ter um ano melhor do que o anterior, a diretoria vai precisar se movimentar bem melhor nas próximas semanas.